De volta ao governo, Conte promete "nova era de reformas" na Itália
O novo governo da Itália terá que definir o orçamento de 2020 e evitar o aumento automático do IVA em um contexto de incerteza internacional
AFP
Publicado em 9 de setembro de 2019 às 14h49.
Última atualização em 9 de setembro de 2019 às 14h52.
Antes de pedir o voto de confiança dos deputados para seu governo, o primeiro-ministro da Itália , Giuseppe Conte, prometeu nesta segunda-feira (9) que promoverá uma "nova era de reformas" para alcançar um país melhor.
Para isso, considera indispensável o apoio de Europa.
Em um discurso de uma hora e meia, o chefe de governo, que manteve seu posto e lidera uma nova maioria composta pelo Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) e o Partido Democrata (PD, centro esquerda), apresentou um "amplo projeto político". Sua implantação vai se estender por uma legislatura que vai durar até 2023.
Segundo ele, a mudança se baseará na moderação. Para isso, pediu à classe política e também à população "mais sobriedade, sobretudo, nas redes sociais". A seus ministros, pediu mais "coesão e lealdade".
Conte se referia claramente à coalizão de governo precedente, que uniu o M5E e a Liga (de extrema direita), de Matteo Salvini, marcada pelas disputas e pelas polêmicas diárias.
"A população espera de nós um discurso e uma ação à altura das nossas funções e também um pouco mais de humanidade", afirmou, considerando indispensável "devolver a confiança" às instituições.
O programa de Conte, que ele mesmo classificou de "pacto político e social", retoma as grandes linhas de um acordo obtido entre o M5E e o PD. Este acordo quer "fazer o país renascer, dando-lhe desenvolvimento e igualdade social", acrescentou.
Uma das primeiras tarefas do governo será relançar o crescimento de um país à beira da recessão, graças a um orçamento para 2020 que deseja evitar o aumento automático do IVA "em um contexto econômico internacional incerto".
Conte considerou que é preciso "melhorar o pacto de estabilidade" da União Europeia, que impõe a todos os países um déficit inferior a 3% do PIB e um nível de endividamento inferior a 60%. A Itália cumpre os requisitos do déficit, mas tem uma dívida superior a 132% do PIB.
As regras orçamentárias muito rígidas "correm o risco de invisibilizar os esforços importantes realizados para relançar o crescimento do país", disse Conte.
"Mais solidariedade" europeia
O pacto de estabilidade deve, em um futuro, "apoiar os investimentos, entre eles os que permitirão um desenvolvimento respeitoso do meio ambiente e justo no âmbito social", afirmou.
No âmbito europeu, Conte propôs uma "conferência sobre o futuro da Europa" para dar impulso ao continente no plano internacional e redefinir seu papel "em um mundo em plena transformação".
Conte disse esperar "mais solidariedade" da Europa em questões de imigração, um tema que a Itália quer administrar a partir de agora "de maneira estrutural e não tanto quanto uma emergência".
Aos italianos, Conte lhes prometeu que prestará mais atenção aos jovens, sobretudo, aos do sul, região mais empobrecida.
Também garantiu ajudas aos agricultores, uma redução dos benefícios sociais dos trabalhadores e mais apoio às pequenas e médias empresas e à inovação da indústria da Itália, segunda potência industrial da zona euro.
Durante seu discurso, Conte foi interrompido várias vezes pelos deputados de extrema direita que pediam, a gritos, novas eleições.
Frente ao Parlamento, várias centenas de manifestantes radicais carregavam bandeiras italianas e mostravam uma fotografia de Conte, pedindo a ele para "deixar sua cadeira e convocar eleições".
Diante dos manifestantes, Salvini garantiu que haverá "uma oposição séria".
"No Parlamento, mas também entre o povo, de norte a sul, cidade a cidade", completou.
"Hoje, uma parte da Itália, no meu entender majoritária no país, foi às ruas para pedir novas eleições", insistiu.
Depois de ouvir Conte, os deputados começaram a debater antes de votar, no final da tarde. Em princípio, a votação no Parlamento não será complicada para o primeiro-ministro. Ele não conta, porém, com o mesmo suporte no Senado, Casa que deve discutir amanhã o apoio a seu governo.