Fórum de Davos termina mais verde do que nunca
Com Al Gore e Lagarde, o tema continua em alta no último dia do evento. Brasil não aproveitou a oportunidade de liderar a discussão
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 05h57.
Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 06h47.
São Paulo — As discussões sobre sustentabilidade, tema central desta quinquagésima edição Fórum Econômico Mundial, em Davos , continuam quentes na programação neste último do evento.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, participará de um debate sobre o futuro da economia global. O impacto das mudanças climáticas nesse cenário está na pauta da discussão. O ex-vice-presidente americano, Al Gore, conhecido pelo seu ativismo ambientalista, está escalado para mais painel, dessa vez sobre o que fazer para reduzir o uso de plástico, um dos principais causadores da poluição nos oceanos.
Na quarta-feira, dia 22, ao lado do cientista brasileiro Carlos Nobre e da primatologista britânica Jane Goodall, Gore criticou, indiretamente, o ministro da Economia Paulo Guedes. Logo no primeiro dia do fórum, Guedes associou a pobreza à destruição do meio ambiente. “Hoje é amplamente entendido que o solo da amazônia é pobre e que a riqueza dela não está no solo. Dizer para as pessoas que elas vão chegar lá, com sonhos, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por anos e anos, é dar falsas esperanças a elas. Não é sustentável. Há sim respostas para a Amazônia, mas não esta”, afirmou o americano.
Houve muito bate-boca sobre o clima entre líderes globais nesta edição do evento. Donald Trump, por exemplo, criticou o que ele chamou de alarmismo ambiental de Greta Thunberg e seus jovens seguidores.
O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, também atacou a menina. “Quem ela é, economista chefe? Depois de estudar ela pode voltar e explicar tudo isso para nós”, afirmou Mnuchin. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou à China que, se o país não encontrar uma maneira de precificar suas emissões, a Europa será obrigada a criar uma taxação para seus produtos.
Para além das discussões retórica, houve avanços concretos. As quatro maiores empresas de auditoria do mundo, Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PwC, assinaram um acordo para estabelecer um modelo contábil para os dados de impacto climático. A seguradora Generali e o fundo de pensão da Igreja Anglicana assinaram com a Net-Zero Asset Owner Alliance, iniciativa de descarbonização de investimentos na ONU, elevando o total de ativos gerenciados pelos seus signatários para 4,3 trilhões de dólares.