Economia

Crise pode ser "até maior do que os Anos 30", diz Meirelles

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que Brasil enfrenta a crise econômica mais intensa de sua história, talvez pior que a dos anos 30


	Henrique Meirelles: "não será surpresa se contração deste ano for a mais intensa desde que PIB começou a ser medido no início do século 20"
 (Reuters/Ueslei Marcelino)

Henrique Meirelles: "não será surpresa se contração deste ano for a mais intensa desde que PIB começou a ser medido no início do século 20" (Reuters/Ueslei Marcelino)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2016 às 14h09.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira, 8, que o Brasil enfrenta a crise mais intensa de sua história e que não será uma surpresa se o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano for o maior desde que começou a contabilidade nacional no País.

Em discurso durante evento no Palácio do Planalto, porém, Meirelles disse que o governo em exercício está tomando "medidas concretas", avaliando as razões da crise para solucioná-la.

"Estamos vivendo crise mais intensa da história do Brasil. Vamos aguardar, mas não será surpresa se contração deste ano for a mais intensa desde que PIB começou a ser medido no início do século 20, até maior do que nos Anos 30. É uma crise que gerou 11 milhões de desempregados. Então, nós temos que reverter esse processo", afirmou Meirelles.

O ministro destacou que o governo vem trabalhando para realizar um diagnóstico correto e preciso da situação da economia e do que levou o País a esta situação.

Isso porque, segundo ele, diagnósticos equivocados no passado "levaram a erros e causaram consequências graves à economia".

"Os senhores ouvem hoje um novo discurso, um novo tom, uma nova direção. Direção que pretende de fato alterar o curso da economia brasileira, visando de fato a ter crescimento, mais oportunidade, maior renda. São intenções declaradas por todos os governos, mas este governo está tomando medidas concretas, avaliando as razões para a crise e proporcionar um crescimento sustentável para o Brasil nas próximas décadas", disse Meirelles.

Mais cedo, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse no mesmo evento com empresários que a solução da crise não passa pelo aumento de impostos. Meirelles disse que a equipe econômica vai "olhar por trás disso" para detectar os efeitos do aumento de impostos na economia.

Medidas

O ministro da Fazenda afirmou também que o governo está trabalhando em um "elenco muito forte de medidas" para a retomada do crescimento. "Não tenho a menor dúvida de que, no momento em que tudo isso seja aprovado pelo Congresso, chegaremos nos próximos trimestres a retomar crescimento de forma que pode surpreender", disse. "É possível que tenhamos retomada mais forte", acrescentou o ministro.

Em evento com empresários e a presença do presidente em exercício Michel Temer (PMDB), Meirelles voltou a destacar a necessidade de reequilibrar as contas públicas e destacou erros que, segundo ele, foram praticados nas gestões passadas. "De 1997 até 2015, as despesas públicas totais do Brasil cresceram mais de 5,8% ao ano acima da inflação. Isso foi sustentado pelo aumento da tributação", disse o ministro.

Segundo Meirelles, a desaceleração da economia tornou a trajetória de crescimento dos gastos insustentável. "Houve aceleração das despesas enquanto houve queda do processo de crescimento", disse. "É fundamental que se restaure a saúde das finanças públicas", defendeu.

O ministro disse ainda que o estabelecimento de um teto para os gastos, com crescimento limitado à inflação daquele ano, como proposto pelo governo, já contribui para melhorar a confiança, não só de empresários, mas também de consumidores. Meirelles afirmou que as famílias estavam dentro de suas casas com medo de perder o emprego.

"Este processo começa a ser revertido quando o governo sinaliza que controla suas contas", disse.

Além das medidas estruturais, Meirelles afirmou que é preciso ter uma boa administração nas empresas públicas e nos serviços prestados pelo governo. Por isso, classificou como "fundamental" o projeto que prevê melhorias na governança de estatais e de fundos de pensão.

"É um elenco muito forte de medidas, estamos num processo constante", afirmou o ministro. "Gosto de seguir a máxima: prometer menos, entregar mais."

Acompanhe tudo sobre:Executivos brasileirosHenrique MeirellesIndicadores econômicosMinistério da FazendaPersonalidadesPIB

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Mais na Exame