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Crise europeia pode levar Brasil a um 'círculo vicioso'

Nesse tipo de ciclo, um desaquecimento mais intenso da atividade econômica se propagará com força para o mercado de trabalho

Nesse cenário, haverá uma menor expansão da renda no país (Marcelo Calenda/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2012 às 10h40.

Rio de Janeiro - O agravamento da crise na Europa pode levar a economia brasileira a um "círculo vicioso", onde desaquecimento mais intenso da atividade econômica se propagará com força para o mercado de trabalho, levando à menor expansão da renda; e piora na atividade industrial, já estagnada. O alerta partiu do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em seu Comunicado nº 130 - "Considerações sobre a desaceleração do PIB em 2011".

Sem mencionar projeções numéricas para a economia do ano passado, o Ipea observou que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, a ser anunciado pelo IBGE em março, deve mostrar aumento "bastante inferior" ao de 2010 (+7,5%), pressionado por taxa de câmbio apreciada; aperto monetário; política fiscal mais conservadora; estoques elevados e crise econômica na Europa.

Para o instituto, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a melhora nas perspectivas para os próximos trimestres estariam condicionadas ao sucesso de medidas do governo brasileiro nos campos monetário e fiscal a fim de reaquecer economia e, principalmente, aos desdobramentos da crise externa.

Segundo o Ipea, caso a atual crise europeia se transforme em nova crise financeira global, acompanhada por congelamento dos canais de financiamento e forte retração da demanda mundial, os efeitos seriam fortemente sentidos no Brasil. Neste cenário, haveria queda no fluxo líquido de entrada de capitais estrangeiros no País, devido ao aumento dos níveis globais de aversão ao risco; redução de linhas de crédito internacionais, o que dificultaria captações de empresas brasileiras no exterior; e recuo nos preços dos papéis das empresas brasileiras nos mercados de ações.

Além disso, o instituto lembrou que, em um ambiente de economia mundial desaquecida, cai a demanda global por produtos importados - o que teria duro impacto na indústria brasileira voltada para exportação.

Na prática, o futuro da economia brasileira torna-se menos preocupante somente em um cenário no qual os problemas relacionados ao descontrole das dívidas soberanas dos países europeus sejam equacionados, evitando-se, assim, maior contágio do sistema financeiro internacional e uma possível recessão mundial.


Cenário otimista

A maioria dos fatores que conduziram ao desaquecimento da economia brasileira em 2011 estará presente em 2012. Mesmo assim, o Ipea considerou que, caso a crise internacional não tenha desdobramentos mais graves, os estímulos do governo para aquecer mais a economia, como reajuste do salário mínimo e programas redistributivos de renda, continuariam a manter o vigor da demanda interna.

Outra vantagem seria a contínua e gradual melhora nos fundamentos macroeconômicos do País - que permitiu rápida recuperação da economia brasileira durante a crise financeira em 2008 e pode continuar a influenciar positivamente o cenário doméstico.

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Rio de Janeiro - O agravamento da crise na Europa pode levar a economia brasileira a um "círculo vicioso", onde desaquecimento mais intenso da atividade econômica se propagará com força para o mercado de trabalho, levando à menor expansão da renda; e piora na atividade industrial, já estagnada. O alerta partiu do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em seu Comunicado nº 130 - "Considerações sobre a desaceleração do PIB em 2011".

Sem mencionar projeções numéricas para a economia do ano passado, o Ipea observou que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, a ser anunciado pelo IBGE em março, deve mostrar aumento "bastante inferior" ao de 2010 (+7,5%), pressionado por taxa de câmbio apreciada; aperto monetário; política fiscal mais conservadora; estoques elevados e crise econômica na Europa.

Para o instituto, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a melhora nas perspectivas para os próximos trimestres estariam condicionadas ao sucesso de medidas do governo brasileiro nos campos monetário e fiscal a fim de reaquecer economia e, principalmente, aos desdobramentos da crise externa.

Segundo o Ipea, caso a atual crise europeia se transforme em nova crise financeira global, acompanhada por congelamento dos canais de financiamento e forte retração da demanda mundial, os efeitos seriam fortemente sentidos no Brasil. Neste cenário, haveria queda no fluxo líquido de entrada de capitais estrangeiros no País, devido ao aumento dos níveis globais de aversão ao risco; redução de linhas de crédito internacionais, o que dificultaria captações de empresas brasileiras no exterior; e recuo nos preços dos papéis das empresas brasileiras nos mercados de ações.

Além disso, o instituto lembrou que, em um ambiente de economia mundial desaquecida, cai a demanda global por produtos importados - o que teria duro impacto na indústria brasileira voltada para exportação.

Na prática, o futuro da economia brasileira torna-se menos preocupante somente em um cenário no qual os problemas relacionados ao descontrole das dívidas soberanas dos países europeus sejam equacionados, evitando-se, assim, maior contágio do sistema financeiro internacional e uma possível recessão mundial.


Cenário otimista

A maioria dos fatores que conduziram ao desaquecimento da economia brasileira em 2011 estará presente em 2012. Mesmo assim, o Ipea considerou que, caso a crise internacional não tenha desdobramentos mais graves, os estímulos do governo para aquecer mais a economia, como reajuste do salário mínimo e programas redistributivos de renda, continuariam a manter o vigor da demanda interna.

Outra vantagem seria a contínua e gradual melhora nos fundamentos macroeconômicos do País - que permitiu rápida recuperação da economia brasileira durante a crise financeira em 2008 e pode continuar a influenciar positivamente o cenário doméstico.

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