Economia

Crise europeia é o maior risco para o Brasil em 2011, diz professor da FGV

Cristóvão Pereira enumera os fatores que tornam nebuloso o desempenho da economia brasileira no ano que vem

Estúdio na Bolsa de Londres: crise pode esfriar a economia brasileira em 2011   (.)

Estúdio na Bolsa de Londres: crise pode esfriar a economia brasileira em 2011 (.)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2010 às 09h37.

São Paulo - O jogo econômico em 2010 está ganho. Só resta saber o placar da goleada (as previsões do mercado financeiro, das consultorias e do governo para o crescimento do PIB brasileiro variam de 5% a 7,5%). Para 2011, no entanto, há apenas uma certeza: o ritmo de expansão vai diminuir.

O tamanho da freada vai depender de uma série de fatores. O primeiro - e mais importante deles - é a crise europeia. "Se o cenário continuar se agravando, sentiremos o reflexo em 2011", diz Cristóvao Pereira, professor da Fundação Getulio Vargas FGV). Os canais de contaminação seriam a queda das exportações brasileiras e a contração do crédito internacional.

No âmbito doméstico, o principal fator de desaceleração da economia em 2011 é a alta dos juros para segurar a inflação. Cristóvão Pereira prevê que a oferta terá dificuldades de acompanhar a demanda aquecida por causa de gargalos da infra-estrutura e da falta de mão de obra qualificada. "Neste cenário, só resta ao Banco Central elevar os juros para conter o consumo", diz Pereira, que lamenta a falta de ajuda da política fiscal.

Um terceiro fator que pode influenciar o desempenho econômico no ano que vem é a política externa. O professor da FGV prevê sanções "brancas" das grandes potências contra o Brasil por causa de posições polêmicas envolvendo Irã, Cuba e Venezuela. "Os países ricos vão boicotar as empresas brasileiras em represália à postura do governo em questões fundamentais", afirma Pereira. 

No longo prazo, a situação fiscal também preocupa. "O governo gasta muito e investe pouco", diz Pereira. Notícias como o reajuste dos aposentados só pioram o cenário. "Na Grécia, houve muitos gastos no período de bonança e a conta está sendo paga agora. Como o Brasil está indo bem, a gastança virou festa", alerta o professor da FGV.

Embora ainda seja prematuro - diante de tantas incertezas - fazer projeções para 2011, a mediana do boletim Focus apresenta a mesma previsão de 4,5% nas últimas 23 semanas. 

Riscos para 2011
(em ordem de importância)
Impacto na economia brasileira
agravamento da crise europeiaqueda nas exportações e retração na oferta de crédito internacional
juros altos para deter inflaçãoredução do consumo via elevação no custo dos financiamentos
política externa controversaboicote das grandes potências ao Brasil

Fonte: Professor da FGV Cristóvão Pereira
Elaboração: EXAME.com

 

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