Economia

Crise do setor de mineração é global, diz secretário do MME

"O setor tem que estar preparado para pegar a curva ascendente que virá depois da depressão", disse Carlos Nogueira.


	Mineração: crise vai passar e precisamos estar prepados para alta que virá depois, diz represetante do ministério
 (Divulgação)

Mineração: crise vai passar e precisamos estar prepados para alta que virá depois, diz represetante do ministério (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2015 às 09h23.

Belo Horizonte - O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Carlos Nogueira, avaliou que a crise do setor de mineração é global e que faz parte do ciclo "de altos e baixos" do segmento. "O setor tem que estar preparado para pegar a curva ascendente que virá depois da depressão", disse a jornalistas antes da abertura do 16º Congresso Brasileiro de Mineração e Exposição Internacional de Mineração (Exposibram).

Ele lembrou a crise de 2008, quando a China passou a ser o principal consumidor do minério brasileiro no lugar dos Estados Unidos. "Acreditamos que essa depressão que estamos vivendo é cíclica, os preços vão voltar a patamares mais altos", afirmou.

Para ele, o grande desafio atual das empresas é operar com preços baixos. "Há 15 anos, o preço do minério de ferro era US$ 10 a tonelada e todo mundo sobreviveu. O problema é que quando o preço sobe, os custos operacionais também sobem", alertou. O secretário falou que voltar aos níveis entre US$ 150 e US$ 140 a tonelada "vai demorar muito". "Podemos ter um meio termo. O mercado já sinalizou, hoje já está US$ 59. Acredito que quando chegar aos US$ 80 a tonelada, todas as pequenas e médias mineradoras podem voltar à atividade. Porém, vai depender muito do mercado chinês", ressaltou. Por outro lado, conforme ele, o câmbio atual ajuda nas exportações do setor.

Nogueira também comentou que o MME discute muito a inovação e agregação de valor do setor, inclusive em parceria com os Ministérios de Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "Temos que deixar de ser um País de monocultura do minério de ferro, que representa hoje 80% do PIB mineral brasileiro. Há a necessidade de diversificar a matriz mineral nacional. E aí um preço no nível atual afeta a balança comercial, a entrada de dólar no País", falou, completando que na área de geologia, o País já avançou bastante.

"É possível agregar tecnologia nos bens minerais brasileiros. É óbvio que não transformaremos as 400 milhões de toneladas que produzimos hoje, em aço, mas não dá para ficar no mesmo patamar de 20 anos e aumentando exponencialmente a produção de minério de ferro. Estamos no caminho", disse.

Marco regulatório

Questionado se o País apresenta insegurança jurídica para a avanço de investimentos no setor, principalmente estrangeiro, o secretário foi enfático. "Não. Pelo contrário. Vai mudar o código, mas os direitos serão preservados. O investidor não quer saber de novo marco, mas a partir do momento que ele decide investir é porque ele viu que tem garantia de retorno", disse.

Conforme ele, o MME apoia o novo Marco Regulatório da Mineração, que substituirá o código em vigor, de 1967, que está em discussão e será enviado ao Congresso Nacional. "Vemos a necessidade sim de um novo marco, até porque o código atual tem 50 anos. Só tecnologicamente falando, ele tem amarras, a burocracia não deixa o setor andar. Outra coisa: o código vai ajudar cada segmento do setor, que tem as suas nuances", falou.

Nogueira ainda comentou brevemente sobre a cadeia de alumínio. Para ele, o impedimento para que o setor seja competitivo é o valor da energia elétrica, já que é um segmento que tem uma demanda muito grande pelo insumo. "Não é questão de política mineral, é de política energética", ressaltou.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaCrises em empresasIndústriaMineraçãoMinistério de Minas e Energia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor