Economia

Criação de empregos formais de janeiro a julho supera o total de 2023, diz ministro do Trabalho

Números de julho do Caged serão formalmente divulgados na quarta-feira, segundo Luiz Marinho, que aproveitou para criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto

Luiz Marinho, ministro do Trabalho (Divulgação/Agência Brasil)

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Agência o Globo
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Publicado em 26 de agosto de 2024 às 11h49.

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A geração de vagas formais de trabalho no acumulado de janeiro a julho já superou o número registrado em todo o ano passado, afirmou nesta segunda-feira o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que aproveitou para criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que tem dito que o mercado de trabalho aquecido preocupa por causa do efeito sobre a inflação.

Marinho evitou revelar o número exato do saldo positivo entre demissões e a admissões, registrados no Caged, cadastro do ministério. Os números serão formalmente divulgados na quarta-feira, segundo o ministro, que fez um discurso na abertura de um seminário na sede do BNDES, no Rio.

Em 2023, o Caged registrou a abertura de 1,483 milhão de postos, uma queda de 27% em relação ao saldo positivo de 2022. No primeiro semestre deste ano, o saldo positivo ficou em 1,3 milhão, ou seja, é possível inferir que, em julho, foram geradas, pelo menos, em torno de 183 mil vagas, o necessário para superar o registrado em 2023.

Graças a Deus e a Lula

Segundo Marinho, a indústria foi destaque na geração de empregos. No acumulado de janeiro a julho, o saldo positivo de postos de trabalho no setor industrial também superou o total registrado em todo o ano passado, disse o ministro.

– O mercado está aquecido, graças a Deus, claro, mas graças ao projeto liderado pelo presidente Lula – afirmou Marinho.

Além disso, o mercado de trabalho do Rio Grande do Sul já mostrou dados de recuperação, após as enchentes que atingiram em cheio a economia local, entre abril e maio. Segundo Marinho, houve saldo positivo entre demissões e admissões no estado, após déficits em maio e junho.

– O caminhão de dinheiro que o presidente Lula colocou lá (no Rio Grande do Sul) já tem resultado – afirmou o ministro, ressaltando a “visão” de “socorrer quem precisa ser socorrido na hora certa”.

'Combater a inflação não tem só um jeito'
Após adiantar os números positivos do Caged, o ministro “chamou a atenção ao BC”:

– Isso não pode ser pretexto para falar de aumento de juros. O Banco Central precisa aprender que combater a inflação não tem só um jeito, que é o jeito de restrição de crédito e aumento de juros. Controla-se a inflação também com oferta, com mais produção.

Embora tenha ressaltado que não é economista, Marinho disse que “se aprende na vida”, para sustentar que é possível controlar a inflação por meio de incentivos à ampliação da oferta na economia:

– Vimos, nos primeiros governos Lula, que controlamos a inflação com mais produção.

Demanda, oferta e inflação

Em todo o mundo, o mercado de trabalho aquecido é, em geral, citado por economistas como um fator capaz de gerar inflação por causa da dinâmica de renda. Um mercado aquecido tanto gera mais empregos quanto leva ao aumento dos salários, ampliando a renda disponível das famílias.

Quando elas consomem mais, impulsionam a demanda na economia. Se a oferta de bens e serviços não acompanha o crescimento da demanda, os preços tendem a subir mais aceleradamente.

Um dos objetivos da política de juros do BC para controlar a inflação é, justamente, arrefecer a demanda. Juros mais elevados tornam o crédito mais caro e, portanto, desincentivam a contratação de empréstimos por famílias (que, assim, tendem a consumir menos) e empresas (que, assim, tendem a investir menos e, portanto, gerar menos empregos e dar reajustes menores nos salários).

Além de sugerir que a inflação deveria ser controlada mais pelo incentivo à ampliação da oferta, Marinho disse que achava que os salários são baixos no Brasil. Falando a uma plateia de líderes sindicais, o ministro sugeriu que as negociações dos acordos de trabalho com as empresas deveriam focar nos reajustes, especialmente dos pisos salariais.

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