Logo da Barclays: banco alerta que ainda existem riscos consideráveis para o crédito do Brasil - o principal deles sendo possível racionamento de energia (Asim Hafeez/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 16h51.
São Paulo - A curva do CDS (credit default swap) do Brasil, um derivativo que funciona como uma proteção contra calotes, deve reverter a piora apresentada no último ano, avaliam analistas do Barclays, em relatório.
Apesar de o país continuar pagando prêmio mais alto do que outros emergentes com o mesmo grau de investimento, o banco considera que o sentimento em relação aos ativos brasileiros se tornou mais "construtivo" e, portanto, recomenda vender CDS do Brasil e comprar da Colômbia.
"O forte intervencionismo do governo, a falta de investimentos fixos e as pressões inflacionárias apesar do ciclo de aperto monetário pesaram negativamente sobre os ativos brasileiros em 2013", afirma o Barclays, citando também a turbulência provocada pelas preocupações com a normalização da política do Federal Reserve.
"No entanto, acreditamos que o sentimento em relação ao Brasil está mudando para uma visão mais otimista sobre o crédito brasileiro", acrescentou o banco.
O relatório destaca que, apesar de o sentimento em relação aos países emergentes ter melhorado, acontecimentos recentes no Brasil também ajudaram.
Entre eles estão a queda da aprovação da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais, que foi vista como um fator positivo pelos mercados; as recentes decisões do governo brasileiro para aliviar preocupações com os fundamentos econômicos do País, incluindo o anúncio da meta de superávit primário para 2014; e a chance "muito limitada" de um novo rebaixamento do rating brasileiro.
"Acreditamos que o atual rating da Standard & Poor's (BBB-) deve refletir a perspectiva econômica que prevemos para os próximos dois anos. Mesmo com as preocupações com o que pode ocorrer após as eleições de outubro ainda afetando os mercados, acreditamos que o Brasil deve usufruir de um sentimento mais positivo", avaliam os analistas.
O banco alerta, porém, que ainda existem riscos consideráveis para o crédito do Brasil - o principal deles sendo um possível racionamento de energia.
Se isso ocorrer, o Barclays estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode ser reduzido em 1,6 ponto porcentual, com o setor manufatureiro sendo o mais prejudicado.
"Além disso, existe o risco de a recente melhora no sentimento relacionado aos mercados emergentes ser curta, prejudicada por novas decepções com o crescimento da China ou uma nova rodada de riscos geopolíticos, o que afetaria o sentimento de risco geral", diz o relatório.