Economia

Cortes começam mesmo sem Orçamento; Educação é mais afetada

Governo poderia gastar este ano 1/12 por mês do Orçamento total de 2014, mas vai limitar a 1/18; como tem maior gasto, Educação será a mais afetada

Mão segura tesoura (Leo Cinezi/SXC)

Mão segura tesoura (Leo Cinezi/SXC)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 10h22.

São Paulo - O governo não quis esperar para sinalizar os cortes que vai fazer para atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB anunciada pela nova equipe econômica.

Como o Orçamento de 2015 não foi aprovado a tempo e o Congresso só volta a trabalhar em fevereiro, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) determina que o governo poderia gastar por mês 1/12 do valor total de 2014 para manutenção da máquina pública.

Só que o Decreto nº 8389, publicado hoje no Diário Oficial e assinado pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro do Planejamento Nelson Barbosa, estabelece um limite novo: 1/18 por mês.

Com isso, as despesas deste tipo devem ficar em R$ 3,77 bilhões mensais, um terço a menos do que os R$ 5,02 bilhões pela regra anterior. A regra vale até que o novo Orçamento seja aprovado.

O corte está restrito a gastos não obrigatórios, então ficam de fora coisas como pessoal, aposentadoria e benefícios sociais. O Ministério do Planejamento ainda pode remanejar os recursos para cima ou para baixo, mas só com justificativa. 

Veja o efeito mensal nas 8 pastas com os maiores valores em gastos não obrigatórios. Em algumas células, os números foram aproximados para facilitar a compreensão:

Ministério Vai gastar (R$) Poderia gastar (R$) Corte (R$)
Educação 1,17 bilhão 1,76 bilhão 586 milhões
Defesa 312 milhões 469 milhões 157 milhões
Cidades 288 milhões 432 milhões 144 milhões
Desenvolvimento Social e Combate à Fome 279 milhões 418 milhões 139 milhões
Ciência, Tecnologia e Inovação 261 milhões 391 milhões 130 milhões
Fazenda 233 milhões 349 milhões 116 milhões
Justiça 144 milhões 216 milhões 72 milhões
Agricultura, Pecuária e Abastecimento 95 milhões 142 milhões 47 milhões
Outros 990 milhões 1,49 bilhão 500 milhões
Total 3,77 bilhões 5,66 bilhões 1,88 bilhão

Para atingir a meta de superávit primário, o governo também já anunciou mudanças nas regras de concessões de benefícios como abono salarial, seguro-desemprego e pensão por morte.

Aumentos de impostos também devem entrar no pacote, como já sinalizou o ministro da Fazenda Joaquim Levy. A principal aposta até agora é em uma volta da Cide da gasolina, que foi zerada em 2012. 

Acompanhe tudo sobre:EconomistasNelson BarbosaOrçamento federal

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor