Copom mantém juros inalterados em 6,5% pela oitava vez seguida
Reunião, que começou ontem em Brasília, foi a primeira sob a liderança de Roberto Campos Neto, que assumiu a presidência do BC no lugar de Ilan Goldfajn
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2019 às 18h07.
Última atualização em 20 de março de 2019 às 18h25.
São Paulo - O Comitê de Política Monetária ( Copom ) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (20) a manutenção da taxa Selic em 6,5%. É a oitava vez seguida que os juros ficam inalterados nesta patamar, o mais baixo desde que a Selic passou a ser usada como referência em 1996.
A reunião, que começou ontem em Brasília, foia primeira sob a liderança do economista Roberto Campos Neto , que assumiu a presidência do BC no lugar de Ilan Goldfajn . no cargo desde junho de 2016. Além Campos Neto, também estrearam no colegiado o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, e o diretor de Organização do Sistema Financeiro, João Manoel Pinho de Mello.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 3,89% no acumulado de 12 meses. O índice subiu em relação a janeiro, pressionado por alimentos e educação. A IPCA de março só será divulgado em 10 de abril.
Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Inflação
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2019 em 4% e continuará baixo até 2021. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,89%.
Depois de fechar abaixo do piso da meta em 2017, a inflação subiu no ano passado afetada pela greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias e provocou desabastecimento de alguns produtos no mercado, e por causa da alta do dólar no período. Mesmo assim, o IPCA voltou a registrar níveis baixos nos últimos meses de 2018, tendo encerrado o ano em 3,75%.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da economia de 2,4% para este ano. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos preveem crescimento de 2,28% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2019.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Ranking de juros reais
Frequentemente citado como o país com os maiores juros do planeta, o Brasil segue na sétima posição no ranking de juros reais(juros nominais menos a inflação projetada para os próximos 12 meses). No meio de dezembro, o país ocupava a sexta posição.
O levantamento é feito e publicado pelo site MoneYou em parceria com a Infinity Asset Management e considera as 40 principais economias do mundo.
Veja a taxa de juros reais de 20 economias analisadas:
Posição | País | Juro real |
---|---|---|
1 | Argentina | 10,19% |
2 | Turquia | 6,91% |
3 | México | 4,18% |
4 | Indonésia | 3,84% |
5 | Rússia | 3,30% |
6 | Índia | 2,48% |
7 | Brasil | 2,31% |
8 | Malásia | 1,94% |
9 | África do Sul | 1,62% |
10 | Filipinas | 1,47% |
11 | Colômbia | 1,15% |
12 | Cingapura | 0,94% |
13 | Tailândia | 0,71% |
14 | China | 0,51% |
15 | Chile | 0,51% |
16 | Canadá | 0,29% |
17 | Nova Zelândia | 0,03% |
18 | Polônia | -0,07% |
19 | Coreia do Sul | -0,19% |
20 | Repúbçica Checa | -0,22% |