Economia

Copom eleva juros para atingir IPCA de 5,1% em 2005

Alta de 0,25 ponto percentual da Selic inicia esforço do Banco Central para desacelerar inflação e fechar 2005 com IPCA de 5,1%, segundo ata da 100ª reunião

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) já começou a se preocupar seriamente em evitar que a inércia inflacionária contamine os índices de preços do próximo ano. Este foi o principal motivo para a elevação de 0,25 ponto percentual, para 16,25% ao ano, da taxa básica de juros (Selic), decidida por cinco votos contra três na sua última reunião, realizada em 14 e 15/9. "Esse ajuste moderado terá como objetivo promover a convergência da inflação para a trajetória de metas, já incorporado o objetivo de uma variação de 5,1% no IPCA em 2005", afirma a ata do encontro, divulgada nesta quinta-feira (23/9).

Assim, o BC admite que passa a perseguir uma inflação acima da meta de 4,5% estabelecida para o ano que vem, mas dentro da margem de variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Segundo a instituição, o regime de metas de inflação é flexível e permite que a inércia inflacionária não seja combatida de uma única vez. Por isso, o Copom optou por combater apenas um terço da inércia inflacionária que será herdade de 2004 o que corresponde a um acréscimo de 0,6% à meta de 4,5% estabelecida para o IPCA do próximo ano.

Justamente por já assumir uma inflação maior que a meta de 2005, a ata da 100ª reunião destaca que o Copom tratará com mais firmeza eventuais choques futuros de preços, que possam desviar o IPCA da taxa perseguida. "O Copom precisará ser ainda menos tolerante em relação a choques que ameacem tornar a inflação maior do que o seu objetivo de 5,1% em 2005", afirma a ata.

Preços acelerados e demanda elevada

A aceleração dos preços no acumulado dos últimos 12 meses, o aumento da inflação no atacado, a instabilidade dos preços internacionais do petróleo e o forte crescimento da atividade industrial são os principais fatores que alimentam a inflação inercial, segundo o Copom (leia também reportagem de EXAME sobre o que precisa ser feito para sustentar o crescimento econômico).

O BC observa que, desde maio, o IPCA apresenta tendência à aceleração nos acumulados de 12 meses. O impulso é verificado em todas as categorias de produtos, como os comercializáveis, os não-comercializáveis (como serviços) e os monitorados. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que estava desacelerando nos últimos meses, apresentou nova retomada entre julho (1,35%) e agosto (1,59%). Conforme o Copom, a pressão no atacado tende a se refletir, nos próximos meses, nos repasses de preços para o varejo.

O Copom também está mais preocupado com a redução da capacidade ociosa da indústria. O primeiro motivo é que, à medida que a taxa de ociosidade cai, o custo unitário de produção aumenta e pressiona as empresas. A outra razão é que o consumo interno e externo continua crescendo, o que pode gerar uma inflação por demanda. "Não há elementos que indiquem uma tendência de acomodação suficientemente intensa para afastar preocupações com o perigo de descompasso entre a demanda e a oferta, e seus reflexos sobre a dinâmica dos preços, dado o patamar de produção já alcançado", diz a ata.

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