Economia

Copom mantém juros em 14,25% após carta polêmica

Banco Central decide não mexer nos juros pela quarta vez seguida, confirmando uma sinalização feita ontem por Tombini em comunicado incomum e polêmico

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, no Fórum Econômico Mundial em 2014 (Jason Alden/Bloomberg)

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, no Fórum Econômico Mundial em 2014 (Jason Alden/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de janeiro de 2016 às 19h34.

São Paulo - O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 14,25%.

É a quarta vez seguida que os juros são mantidos neste patamar, o maior desde agosto de 2006 (veja o histórico).

Votaram pela manutenção da Selic Tombini, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram pela elevação em meio ponto percentual, para 14,75%, os membros Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

A decisão surpreendeu uma parte dos analistas, que esperavam uma alta de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual. Fazia tempo que não havia tanta discordância nas previsões.

A situação ficou mais complexa depois da nota divulgada ontem de manhã pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, gesto bastante incomum na véspera de uma decisão.

Tombini disse que as novas previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional) de recessão de 3,5% em 2016 e crescimento zero em 2017 eram “significativas” e que todas as informações disponíveis até a data seriam levadas em conta pelo Copom.

Analistas avaliaram que depois de declarações na direção de mais aperto monetário, o BC cedeu a pressões e buscava com a carta uma forma de justificar uma alta menor ou a manutenção da taxa (que acabou se concretizando).

O comunicado cita como justificativas para a manutenção "o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas".

A ata será divulgada na próxima quinta-feira, 28 de janeiro, e a próxima reunião está marcada para os dias 01 e 02 de março.

O IBGE divulgou recentemente que a inflação no Brasil fechou 2015 em 10,67%, maior nível desde 2002. A previsão do último Boletim Focus é que o ano de 2016 termine com inflação em 7% e Selic em 15,25%, um ponto percentual acima do patamar atual.

Quando o Copom aumenta os juros, encarece o crédito e estimula a poupança, o que faz com que a demanda seja contida e faça menos pressão sobre a atividade e os preços. Cortar os juros causa o efeito contrário.

(EXAME.com)

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