Economia

Consumo de chocolate provoca déficit na produção de cacau

O uso de cacau superará a produção em cerca de 70 mil toneladas nos 12 meses a partir de 1º de outubro e os déficits persistirão até 2018

Chocolate: as vendas na China mais que dobraram na última década, superando os ganhos na Europa Ocidental, a maior consumidora (Stock.XCHNG)

Chocolate: as vendas na China mais que dobraram na última década, superando os ganhos na Europa Ocidental, a maior consumidora (Stock.XCHNG)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2013 às 08h40.

Última atualização em 11 de abril de 2018 às 12h36.

Nova York - O abastecimento global de cacau está caminhando para o mais longo déficit de produção em mais de cinco décadas após um aumento da demanda por chocolate na Ásia.

O uso de cacau superará a produção em cerca de 70 mil toneladas nos 12 meses a partir de 1 de outubro e os déficits persistirão até 2018, uma sequência de seis anos que seria a mais longa desde o início dos registros, em 1960, disse Laurent Pipitone, chefe de estatística da Organização Internacional do Cacau (ICCO, na sigla em inglês), em Londres.

Os preços podem recuperar 15 por cento e chegar a US$ 3.200 a tonelada até o final de 2014, segundo a mediana de estimativas de 14 operadores consultados pela Bloomberg News.

As vendas globais de produtos feitos à base de chocolate subirão 2,1 por cento e atingirão um recorde de 7,3 milhões de toneladas no ano que vem, após um aumento de 2 por cento em 2013, estima a Euromonitor International Ltd.

As vendas na China mais que dobraram na última década, superando os ganhos na Europa Ocidental, a maior consumidora. A restrição no abastecimento resultará em custos mais altos para fabricantes de alimentos como Nestlé SA, Barry Callebaut AG e Lindt Spruengli AG.

“A demanda por chocolate é grande”, disse Ashmead Pringle, presidente da GreenHaven Commodity Services, com sede em Atlanta, que gerencia cerca de US$ 340 milhões. “Uma parte importante da população mundial está chegando à classe média e terá mais dinheiro para gastar, em particular nos mercados emergentes e na Ásia”.

O preço do cacau subiu 25 por cento neste ano, para US$ 2.796 a tonelada, na ICE Futures, em Nova York, o segundo maior ganho entre as 24 commodities monitoradas pelo índice Standard Poor’s GSCI, que caiu 3,4 por cento.

O índice MSCI All-Country World de ações escalou 16 por cento, enquanto o índice Bloomberg Dollar, um indicador da moeda contra seus 10 principais pares, subiu 3 por cento. O índice Bloomberg Treasury Bond caiu 2,8 por cento.


Colheitas menores

O clima seco na Costa do Marfim e em Gana, maiores produtores de cacau do mundo, impulsionou aumentos de preço neste ano mesmo com a maior parte das commodities em queda.

O Commerzbank acredita que a queda da produção na África Ocidental significa que o déficit deste ano pode exceder as 100 mil toneladas, ou 43 por cento a mais que a previsão da ICCO. As sementes de cacau são processadas em manteiga e pó usados para fabricar chocolate.

Na região Ásia-Pacífico, onde vive mais da metade da população mundial e que é responsável por 12 por cento da demanda por chocolate, cada pessoa consumirá 200 gramas em 2014, o dobro do montante de uma década antes, segundo a Euromonitor.

As vendas na China subirão 6,9 por cento, para um recorde de 193.100 toneladas neste ano, e crescerão 6,6 por cento mais em 2014, disse a empresa de pesquisas.

A China é um “enorme mercado inexplorado” que sinaliza maiores possibilidades de escassez de abastecimento de cacau, disse Claudio Oliveira, chefe de comércio da Castlestone Management LLC, em Nova York.

Agricultores na África Ocidental, que responde por 70 por cento da produção mundial, estão tendo dificuldades para aumentar a produção porque como as árvores são antigas, isso reduz seu potencial de rendimento, disse Francesco Gibbi, gerente de projeto do Common Fund for Commodities, criado pela Organização das Nações Unidas, a ONU.

Os estoques de cacau nos armazéns monitorados pela ICE Futures U.S. caíram 36 por cento desde o pico deste ano, em junho, e estão no nível mais baixo desde junho de 2011.

“Existem muitas evidências de que a quantidade de fertilizantes, pesticidas e pulverizações a serem aplicados na Costa do Marfim e em Gana caíram”, disse Edward George, chefe de pesquisa de commodities “soft” do Ecobank Transnational Inc. em Lome, Togo.

O banco financia o comércio de cacau na África Ocidental. “O cacau ainda tem um longo caminho a percorrer. Se você estiver monitorando as importações chinesas de chocolate, cacau em pó, manteiga de cacau, tudo isso, elas estão subindo exponencialmente. A tendência não está mudando, só está se intensificando”.

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaAlimentaçãoChocolatecomida-e-bebidaTrigo

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação