Economia

Como ficará o orçamento para saúde e educação na nova regra fiscal do governo Lula?

Anúncio do arcabouço para contas públicas foi adiado para rever perdas que essas áreas tiveram com o teto de gastos

O governo Lula quer buscar um equilíbrio: recompor as despesas com saúde e educação, que foram muito contidas, sem comprometer os gastos em outras áreas (Fabio Rodrigues Pozzenon/Agência Brasil)

O governo Lula quer buscar um equilíbrio: recompor as despesas com saúde e educação, que foram muito contidas, sem comprometer os gastos em outras áreas (Fabio Rodrigues Pozzenon/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 22 de março de 2023 às 15h41.

O anúncio do arcabouço fiscal, nova regra para as contas públicas que será criada pelo governo Lula, foi adiado para abril, depois da viagem do presidente para a China, porque falta definir os detalhes finais da proposta. Um dos pontos chaves é decidir como ficarão os gastos com saúde e educação.

O piso para educação e saúde teve uma trava pós a aprovação do teto de gastos do governo Temer, em 2016. Com a revogação do teto, volta a valer a previsão constitucional anterior, que fixava os gastos com essas áreas sociais como um percentual da receita do governo.

O governo Lula quer buscar um equilíbrio: recompor as despesas com saúde e educação, que foram muito contidas, sem comprometer os gastos em outras áreas.

O que diz a Constituição?

A Constituição previu uma obrigação para gastos com saúde e educação proporcional à arrecadação do governo. As vinculações constitucionais eram as seguintes:

Saúde: o governo precisa gastar no mínimo 15% de sua receita corrente líquida.

Educação: o governo precisa gastar no mínimo 18% da receita com impostos.

Como ficou após o teto de gastos?

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos, aprovada pelo governo do ex-presidente Michel Temer em 2016 e que entrou em vigor em 2017, previu que todas as despesas públicas só poderiam crescer no mesmo patamar da inflação do ano anterior.

O objetivo era conter o aumento dos gastos públicos e trazer mais estabilidade para a economia brasileira. Com isso, acabaram as vinculações constituições para a saúde e educação.

Assim, em alguns anos entre 2017 e 2023, os gastos com saúde e educação foram menores do que teriam sido caso vigorasse a regra anterior, que previa um percentual fixo da receita do governo para essas áreas.

E como ficará agora?

A PEC da Transição, aprovada após a eleição de Lula e antes do início seu mandato, criou exceções ao teto de gastos.

A PEC foi necessária porque o Orçamento aprovado pelo governo Bolsonaro para 2023 tornava inviável a manutenção de vários programas e políticas públicas, como merenda escolar, farmácia popular, conservação de estradas e verbas para enchentes, além de não prever recursos suficientes para o programa de transferência de renda, o então Auxílio Brasil, cujo adicional para R$ 600 seria encerrado em dezembro de 2022.

A PEC de Transição prevê que o governo precisa apresentar uma nova regra fiscal até junho deste ano. O novo arcabouço fiscal a ser apresentado por Lula, ao revogar o teto de gastos criado por Temer, faria com que os gastos com saúde e educação voltassem a ter a vinculação constitucional anterior.

Assim, o entendimento do governo Lula é que é preciso criar uma regra de transição. O objetivo é, ao mesmo tempo, contemplar uma recomposição das despesas com saúde e educação – que, na avaliação do governo, foram muito contidas sob a regra do teto – e evitar que, caso haja uma forte expansão da receita, o espaço destinado para gastos fora dessas áreas fique muito comprimido.

Acompanhe tudo sobre:SaúdeLuiz Inácio Lula da SilvaEducaçãoNovo arcabouço fiscalFernando Haddad

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor