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Como a política monetária impacta a desigualdade? O BCE quer saber

Enquanto algumas políticas ajudaram a aumentar o emprego de famílias de baixa renda, outras impulsionaram a desigualdade nas economias avançadas, diz relatório do órgão

Pobreza na Itália (Spencer Platt/Getty Images)
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Fabiane Stefano

Publicado em 24 de março de 2021 às 17h28.

Última atualização em 24 de março de 2021 às 18h14.

O Banco Central Europeu afirma que devem ser feitos mais esforços para compreender o que a distribuição desigual de rendimento e riqueza na zona do euro significa para o impacto de sua política monetária.

Como as famílias diferem substancialmente em termos de sensibilidade aos ciclos de negócios e padrões de consumo, “a distribuição de renda e riqueza desempenha um papel fundamental na definição da transmissão da política monetária para a atividade econômica e a inflação”, disseram pesquisadores do BCE em artigo publicado nesta quarta-feira.

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“Embora as melhorias recentes nos modelos e dados tenham contribuído para uma melhor compreensão desta parte do canal de transmissão monetária, vários quebra-cabeças permanecem”, disseram eles, acrescentando que o BCE continuará “a investir em novos modelos macroeconômicos e fontes de dados”.

O impulso para uma análise mais profunda de como os diferentes grupos são afetados por ferramentas monetárias é um reflexo de esforços recentes do Federal Reserve. O banco central dos Estados Unidos enfrentou pressão crescente para reconhecer o impacto desigual de suas políticas monetárias nos últimos anos e se comprometeu com uma abordagem mais inclusiva quandoatualizousua estratégia de política monetária em agosto.

Nos Estados Unidos, os trabalhadores negros, que têm uma parcela desproporcional de empregos com salários mais baixos e filiação a sindicatos, tiveram taxas de desemprego duas vezes maiores do que trabalhadores brancos em grande parte dos últimos 50 anos.

Embora o relatório do BCE não tenha entrado em detalhes sobre as divisões raciais na Europa, concluiu que as políticas expansionistas dos últimos anos tiveram efeitos particularmente acentuados na redução da desigualdade e no aumento do emprego para famílias de baixa renda.

Ao mesmo tempo, outras políticas monetárias e tendências estruturais, como a tributação e a globalização, impulsionaram o aumento da desigualdade nas economias avançadas nas últimas décadas. Em uma seção sobre tendências regionais, o BCE sugeriu que o aperto na política monetária pode agravar isso.

“O BCE não tem o mandato nem os instrumentos de que precisa para direcionar especificamente a distribuição de renda e riqueza”, disse o relatório. No entanto, “as políticas atuais geralmente parecem ter um impacto equalizador por meio de sua contribuição para a estabilização macroeconômica”.

 

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