Economia

Colômbia é lanterninha em Copa ambiental

Modelo de desenvolvimento extrativista dos governos recentes colocou o país numa rota de degradação de recursos naturais e conflitos de uso de terra e água


	Mina à dentro: setor extrativista responde por quase metade de todos os conflitos ambientais do país
 (CC/Santiago La Rotta/Flickr.com/troskiller)

Mina à dentro: setor extrativista responde por quase metade de todos os conflitos ambientais do país (CC/Santiago La Rotta/Flickr.com/troskiller)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 4 de julho de 2014 às 10h58.

São Paulo – Nos gramados, a Colômbia vive um momento memorável. Mas quando a disputa vai para a arena ambiental, o país patina feio. Apesar de sua megabiodiversidade e ecossistemas riquíssimos, o modelo de desenvolvimento extrativista intensivo e extensivo dos últimos governos colocou o país numa rota de degradação de recursos naturais e conflitos de uso de terra e água.

A Colômbia ocupa o inglório segundo lugar em um ranking da Universidade Autônoma de Barcelona que mapeou conflitos ambientais em todo mundo, perdendo apenas para a Índia.

Entre os 72 casos de disputas em curso no país, há conflitos agrários relacionados à expansão agrícola, que afeta principalmente populações tradicionais de indígenas e camponeses, e colocam em risco áreas de conservação.

Há ainda diversas disputas por recursos hídricos e por reservas minerais.

O setor extrativista, principalmente atividades ligadas à ouro e carvão, responde por quase metade de todos esses conflitos.

Nos últimos anos, cerca de 65% dos produtos exportados no país foram do setor de mineração e energia (como combustíveis e dreivados).

A quantidade e intensidade dos conflitos ambientais tem relação com o modelo de desenvolvimento extrativista dos governos recentes.

Os dois de Álvaro Uribe, por exemplo, respondem por 63% de todas as disputas em curso.

De 10º para 85º país mais verde

Problemas dessa grandeza afetam o desempenho ambiental do país como um todo.

Não à toa, a Colômbia aparece no 85º lugar no Environmental Performance Index (EPI), ranking bienal elaborado por uma equipe de especialistas das universidades americanas de Yale e de Columbia.

Mas há pouco mais de dez anos, o país era considerado um dos 10 mais verdes do mundo.

As variáveis que pesam na situação colombiana têm relação direta com o desmatamento e a poluição das águas - pelo menos metade de seus recursos hídricos têm problemas de qualidade.

Mas há outros, como o declínio da vida selvagem, a utilização abusiva de encostas, a erosão e contaminação de solos e a pesca excessiva, conforme mostra a tabela abaixo:

Ranking ambiental do EPI Pontuação Posição mundial
Desempenho geral 50,77 85
Saúde 63 109
Qualidade do Ar 95,09 46
Água e Saneamento 39,92 100
Recursos Hídricos 4,6 104
Agricultura 52,51 144
Florestas 26,24 76
Recursos Pesqueiros 32,4 27
Biodiversidade e Habitat 80,4 50
Clima e Energia 43,49 87
Acompanhe tudo sobre:ÁguaAmérica LatinaColômbiaCopa do MundoEsportesFutebolMeio ambienteSustentabilidade

Mais de Economia

STF prorroga até setembro prazo de suspensão da desoneração da folha

FGTS tem lucro de R$ 23,4 bi em 2023, maior valor da história

Haddad diz que ainda não apresentou proposta de bloqueio de gastos a Lula

FMI confirma sua previsão de crescimento mundial para 2024 a 3,2%

Mais na Exame