Economia

Comercializadoras de energia têm fortes ganhos em 2017

Em meio aos bons resultados, o número de comercializadoras no mercado pode ter em 2018 o maior salto em anos

Energia: ao longo de 2017, o quadro de comercializadoras ganhou 28 companhias, uma expansão de 15 por cento (Ueslei Marcelino/Reuters)

Energia: ao longo de 2017, o quadro de comercializadoras ganhou 28 companhias, uma expansão de 15 por cento (Ueslei Marcelino/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 19 de março de 2018 às 18h16.

São Paulo - Empresas de comercialização de eletricidade, que atuam no chamado "mercado livre" de energia e fecham contratos de compra e venda junto a geradores e grandes clientes, como indústrias, tiveram no ano passado um dos melhores desempenhos da história, o que tem impulsionado o crescimento dos negócios no setor.

Em meio aos bons resultados, o número de comercializadoras no mercado pode ter em 2018 o maior salto em anos, com 36 processos para a abertura de novas empresas no ramo já em andamento, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Ao longo de 2017, o quadro de comercializadoras ganhou 28 companhias, uma expansão de 15 por cento, a maior registrada desde 2012. Atualmente, são 222 empresas em operação no segmento.

"Acho que, se a gente for classificar, foi o melhor ano para as comercializadoras... A grande maioria delas aproveitou essa tendência e acabou tendo um resultado muito bom", disse à Reuters o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.

A empresa viu uma alta de 32 por cento no faturamento em 2017, para 1,8 bilhão de reais.

Segundo o executivo, esse bom desempenho da Comerc e de outras comercializadoras foi ajudado por mudanças regulatórias que tornaram mais previsível a evolução dos preços no mercado livre de eletricidade ao longo de 2017.

Essas alterações, que entraram em vigor em maio passado, tinham como objetivo tornar mais realistas os preços no mercado, por meio de uma nova metodologia de cálculo que dá maior peso a cenários pessimistas de chuvas na região das hidrelétricas.

Mas essa nova metodologia teve na prática um impacto altista nos preços, que foi largamente antecipado pelos agentes de mercado de comercialização, os quais conseguiram realizar operações no mercado para ganhar com a aposta em uma alta das cotações.

"Foi realmente um ano muito bom para nós, em linha com o mercado em geral... Houve uma certa previsibilidade, e as casas que tem uma área de preço, de estudo, de inteligência, conseguiram (acertar a aposta)... De fato, os faturamentos estão bem expressivos", disse Danilo Marchesi, sócio da comercializadora Compass.

Ele não citou números de faturamento porque a Compass ainda não fechou o balanço financeiro de 2017.

Mas grandes elétricas que já divulgaram os resultados de 2017 também mostraram números amplamente favoráveis nas operações de comercialização.

A francesa Engie Brasil Energia viu uma alta de 88 por cento na receita de venda de energia a comercializadoras em 2017, para cerca de 600 milhões de reais.

A EDP Brasil teve uma expansão de 37 por cento no volume de energia transacionado por sua unidade de comercialização na comparação com 2016, enquanto o preço médio praticado subiu 34 por cento entre um ano e outro.

Setor em alta

O bom momento das comercializadoras no ano passado também foi impulsionado por um grande crescimento no número de clientes visto desde 2016, após uma alta de mais de 50 por cento nas tarifas cobradas pelas distribuidoras em 2015 aumentar a economia para as empresas que decidem comprar eletricidade no chamado mercado livre.

Esse movimento tem feito cada vez mais investidores olharem para negócios nesse mercado, disse à Reuters o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello.

"A gente vê grandes empresas focadas nisso, bancos entrando no jogo. É um mercado que vai amadurecer bastante", afirmou.

Ele apostou, no entanto, que novas mudanças previstas na regulamentação --como um cálculo realizado a cada hora para os preços a partir de 2019, ante a cada semana atualmente-- irão "afunilar" o setor, ao tornar as operações mais complexas, o que poderá favorecer um movimento de consolidação no segmento.

"Imagino que vai ter um pouco de fusões, e uma redução no número de comercializadoras... Provavelmente em 2019 e 2020", afirmou.

Enquanto isso, as comercializadoras também aproveitam para expandir a atuação para outras atividades, como consultoria e serviços, mercados que também estão bastante aquecidos, conforme a recessão força empresas e indústrias a buscar meios de economizar os custos com eletricidade.

"A perspectiva para este ano também é muito boa, até em termos de novos negócios. Estamos crescendo bastante na área de eficiência energética, de energia solar", disse Vlavianos, da Comerc.

As comercializadoras também apostam que o número de clientes no mercado livre de eletricidade terá um bom crescimento no próximo ano, uma vez que fortes reajustes nas tarifas de distribuidoras ao longo de 2018 deverão impulsionar clientes a buscar preços mais baixos.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou recentemente reajustes de mais de 10 por cento para as tarifas de diversas distribuidoras, como Light, Enel Rio e Cemig, entre outras.

Acompanhe tudo sobre:EletricidadeEnergia

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega