Economia

Colapso de lojas âncora acelera morte dos shopping centers nos EUA

Grandes lojas de departamentos estão promovendo fechamentos em massa e shoppings precisam recorrer a inquilinos não tradicionais

Sombra de consumidor no shopping Easton Town Center em Columbus, Ohio, nos Estados Unidos (Luke Sharrett/Bloomberg)

Sombra de consumidor no shopping Easton Town Center em Columbus, Ohio, nos Estados Unidos (Luke Sharrett/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 10 de julho de 2018 às 11h46.

Última atualização em 10 de julho de 2018 às 11h48.

A única coisa mais perigosa para os shoppings dos EUA do que uma série de falências das redes de lojas de roupas é quando o problema chega às lojas de departamentos.

As varejistas como a J.C. Penney e a Macy’s são consideradas “âncoras” que mantêm os shoppings lotados e o tráfego de visitantes fluindo.

Elas são tão importantes para o ecossistema que inquilinos menores podem se recusar a abrir lojas se não houver a promessa de que as âncoras permanecerão: muitos contratos de aluguel incluem as chamadas cláusulas de co-locação, que permitem fechar um comércio e sair ou pagar menos se esses inquilinos-chave forem embora.

Agora, muitos proprietários estão pressionando para eliminar ou restringir as cláusulas de fuga após o fechamento em massa de grandes lojas de departamentos. Isto significa menos flexibilidade para os inquilinos que ficam.

“A maioria das varejistas de um shopping realmente depende de uma âncora para sobreviver”, disse Andy Graiser, copresidente da A&G Realty Partners, uma consultoria imobiliária comercial. “Certas varejistas vão ficar em risco se certas âncoras forem embora.”

Pressão

Nos últimos anos, centenas de lojas de departamentos foram fechadas. Foi o resultado de falências (Gordmans e Bon-Ton Stores), reestruturação de cadeias com dificuldades (Sears Holdings e J.C. Penney) e da retirada de operadores relativamente saudáveis que buscam diminuir o número de lojas (Macy’s, que está fechando as lojas com desempenho abaixo da média).

Embora um grande número de varejistas ainda esteja migrando para shoppings de primeira linha com renda alta, que representam cerca de um terço dos centros fechados, as propriedades de nível mais baixo muitas vezes têm problemas para substituir os comércios perdidos, recorrendo às vezes a inquilinos não tradicionais como centros de atendimento de urgências.

Os proprietários agora estão pressionando para eliminar as provisões de co-locação quando os contratos de aluguel são renovados, disse Ivan Friedman, diretor da RCS Real Estate Advisors, uma empresa de consultoria de Nova York. Isso não acontecia alguns anos atrás.

Isto terá consequências, como menos renovações de contratos de aluguel, disse Kent Percy, diretor administrativo da empresa de consultoria AlixPartners.

Opções

Os inquilinos têm outras opções. Eles estão negociando contratos de aluguel mais curtos e aluguéis mais baixos. Como último recurso, eles podem pedir recuperação judicial, o que lhes permitiria abandonar os contratos sem ser penalizados. Mesmo assim, os proprietários vão continuar sob pressão, disse Friedman, da RCS.

“Todo mundo está fechando lojas, todo mundo está recebendo aluguéis mais baixos quando renova os contratos”, disse ele. E, com o excesso de varejo nos EUA estimado em 25 por cento, mesmo depois das mudanças anteriores, “isso vai continuar”.

Taxa de vacância em shoppings regionais dos Estados Unidos continua subindo

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Macy´sSearsShopping centersVarejo

Mais de Economia

Lira diz que governo não tem votos para pacote fiscal

Análise: BC tem credibilidade posta em jogo com mercado dividido sobre ritmo de alta de juros

Secretário de Haddad admite rever mudanças no BPC após resistências da bancada do PT

Secretário da Fazenda afirma que impacto do pacote fiscal será superior a R$ 70 bilhões em dois anos