Para CNI, elevar taxa básica de juros é contrassenso
São Paulo - O Banco Central, ao aumentar a taxa básica de juros, caminha no contrassenso da economia e da visão que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem sobre o comportamento da inflação. A avaliação é do presidente da entidade, Robson Braga de Andrade. Para ele, não há necessidade de a autoridade monetária elevar […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
São Paulo - O Banco Central, ao aumentar a taxa básica de juros, caminha no contrassenso da economia e da visão que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem sobre o comportamento da inflação. A avaliação é do presidente da entidade, Robson Braga de Andrade. Para ele, não há necessidade de a autoridade monetária elevar a taxa de juros porque o centro da meta de inflação para este ano, de 4,5%, deverá ser cumprido sem grandes dificuldades, o que não justificaria o aumento da taxa Selic.
"A perspectiva que a gente tem é diferente daquela do Banco Central", disse o executivo, acrescentando que a CNI não enxerga riscos de elevação da inflação. Segundo ele, o que se registrou de aumento de preços no começo do ano estava relacionado a questões sazonais, como itens da produção agrícola. Agora, no entanto, na avaliação de Andrade, "o que se vê é que a partir do segundo trimestre os preços voltaram ao nível adequado e a meta de inflação será cumprida sem nenhuma dificuldade".
Quando se diz que a indústria está perto da utilização total da capacidade produtiva instalada, de 82% a 85%, os analistas, segundo o presidente da CNI, se esquecem de considerar os ganhos de produtividade. "Estamos falando aqui hoje da inovação, que na outra ponta leva ao aumento da produtividade. Temos também outros mecanismos, que é a automação das empresas e vários outros mecanismos que, complementados com investimentos, podem elevar muito a capacidade produtiva do País, fazendo com que os preços se mantenham em níveis adequados", afirmou Andrade, fazendo menção à reunião de hoje em São Paulo com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Elias, e o diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto Santos, em que anunciaram incentivos à inovação industrial.
Andrade acrescentou que, como na visão da CNI não há risco de aumento da inflação, o País deveria estar com uma taxa de juros mais competitiva, o que para ele seria uma taxa de juro real de 3,5% e uma taxa nominal de 8%. "E nós estamos com 10,25%, mostrando que o BC está indo no contrassenso", analisou.
O presidente da CNI afirmou ainda que investimentos estão sendo feitos em outras áreas que sofrem com gargalos, como os setores de formação e qualificação de profissionais, para tirar também esta pressão sobre os preços. "O sistema S está investindo pesado na formação de trabalhadores para que não falte mão de obra, por exemplo, na construção civil", disse.