Economia

CNI defende acordo de facilitação de comércio na OMC

Segundo a entidade, haverá benefícios significativos para a indústria, mesmo com a expectativa de acordos limitados na área de agricultura


	Indústria: a confederação calcula que o potencial de redução dos custos de transação comercial chega a 14% para manufaturados e 10% na média geral com o acordo
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Indústria: a confederação calcula que o potencial de redução dos custos de transação comercial chega a 14% para manufaturados e 10% na média geral com o acordo (Andrey Rudakov/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 13h17.

Brasília - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a conclusão do acordo de facilitação de comércio, na Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Bali, na Indonésia, entre 3 e 6 de dezembro, trará benefícios significativos para a indústria, mesmo com a expectativa de acordos limitados em assuntos como agricultura e apoio aos países mais pobres.

Em nota divulgada nesta sexta-feira, 29, a CNI alerta que, para a indústria brasileira, o texto final deve ter caráter obrigatório como um contrato empresarial. "Do contrário, será mera carta de intenções", cita a CNI.

O potencial de redução dos custos de transação comercial chega a 14% para manufaturados e 10% na média geral com o acordo, calcula a confederação. Os custos de transação incluem taxas e encargos para desembaraço e transporte e burocracia.

Pesquisa da CNI com 700 empresas multinacionais mostra que a burocracia alfandegária só perde para o câmbio entre os problemas que mais atrapalham as exportações.

Mas a CNI adverte que é necessário que esse acordo estabeleça novos parâmetros para o funcionamento mais eficiente das aduanas e seja "legalmente vinculante". Para a entidade, além de acelerar o processo, o aperfeiçoamento permitirá a eliminação de importantes barreiras burocráticas existentes nos mercados de exportação do Brasil.

A confederação das indústrias, entretanto, sabe que o debate será difícil. "Esse é um dos pontos de divergência entre os membros da OMC. Um grupo de países defende que o novo acordo seja legalmente vinculante. Outro segmento quer que ele tenha apenas o caráter de uma recomendação, o que, para a indústria, equivaleria a uma mera carta de intenções sem o poder suficiente para forçar mudanças concretas", cita a nota da CNI.

A Confederação lembra que o acordo está ameaçado pela posição da Índia, que quer manter os subsídios para os pequenos produtos em forma de estoques públicos por tempo indeterminado.


"O pedido pode ser legítimo, mas o Brasil não pode concordar com esse tipo de 'cheque em branco' para os indianos, pois o mercado asiático é bastante atrativo e importante para a agroindústria", menciona a CNI.

Delegação

O titular do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefiará a delegação brasileira à IX Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que ocorrerá entre 3 e 6 de dezembro em Bali, Indonésia.

O Itamaraty informa, em nota, que serão tratados os temas do chamado "Pacote de Bali", que envolve facilitação de comércio, agricultura e temas de desenvolvimento. Deverá ser, ainda, formalizada a acessão do Iêmen como o 160º Membro da Organização.

O MRE esclarece que as negociações sobre facilitação de comércio têm por objetivo simplificar processos, acelerar despachos aduaneiros e promover cooperação entre autoridades alfandegárias dos membros da OMC.

Em agricultura, há propostas apresentadas pelo G-20 sobre subsídios agrícolas e quotas tarifárias, bem como proposta da Índia relativa à aquisição de produtos agrícolas para formação de estoques em países em desenvolvimento. O Itamaraty destaca, também, que há, ainda, tratativas sobre temas de interesse dos países de menor desenvolvimento.

"O governo brasileiro continuará a trabalhar com todos os membros da organização com vistas à aprovação de acordos que permitam a expansão das trocas comerciais e a extensão dos benefícios do livre comércio a todos os países, em linha com o espírito que norteia a Rodada de Desenvolvimento de Doha", cita texto do MRE.

Acompanhe tudo sobre:CNI – Confederação Nacional da IndústriaOMC – Organização Mundial do Comércio

Mais de Economia

Brasil é 'referência mundial' em regulação financeira, diz organizador de evento paralelo do G20

Governo teme “efeito cascata” no funcionalismo se Congresso aprovar PEC do BC

Banco Central estabelece regras para reuniões com agentes do mercado financeiro

Produção industrial sobe 4,1% em junho, maior alta desde julho de 2020

Mais na Exame