Economia

Classe média perdeu mais renda na pandemia, diz estudo; veja cidades e estados mais ricos

Renda média por habitante vai de R$ 3.148 no DF a R$ 409 no MA; indicador chega a R$ 23.141 no Lago Sul de Brasília

Renda: Esse resultado ocorreu porque a classe média brasileira perdeu mais renda (em média, 4,2%) (Dreamstime/Reprodução)

Renda: Esse resultado ocorreu porque a classe média brasileira perdeu mais renda (em média, 4,2%) (Dreamstime/Reprodução)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 07h17.

A desigualdade no Brasil aumentou no primeiro ano da pandemia, de acordo com o estudo "Mapa da Riqueza no Brasil", realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com dados do Imposto de Renda e da PNAD Contínua. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira.

A pesquisa, coordenada por Marcelo Neri, calculou o índice de Gini do país e chegou a um resultado mais grave que o da PNAD, estudo conduzido pelo IBGE a partir de pesquisas domiciliares. O coeficiente no país em 2020 aferido pelo estudo foi de 0,7028, ante 0,6013 da PNAD Contínua. O indicador varia de 0 a 1 e quanto maior o número, maior é a desigualdade de distribuição de renda.

Esse resultado ocorreu porque a classe média brasileira perdeu mais renda (em média, 4,2%) do que o 1% mais rico da população brasileira em 2020 (perdeu 1,5%), de acordo com o levantamento.

O estudo mapeou fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros mais ricos a partir dos dados do último Imposto de Renda. Analisou os dados de concentração de renda e patrimônio por unidades da federação, municípios e regiões administrativas do Brasil. Segundo Neri, a análise "é útil para desenho de reformas nas políticas de impostos sobre a renda e sobre o patrimônio". O estudo pode ser lido aqui.

"A desigualdade de renda no Brasil é ainda maior do que o imaginado quando incorporamos o topo da distribuição usando dados do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), indo para ponta do ranking mundial. Se a fotografia da distribuição de renda é péssima, o filme da pandemia também é. (...) Mesmo com o Auxílio Emergencial que preservou a renda dos mais pobres, a desigualdade não caiu em 2020, como se acreditava", diz o sumário executivo da pesquisa.

"O IRPF consegue captar melhor a renda proveniente do ganho de capital, como os lucros no mercado financeiro ou distribuído pelas empresas, por isso traz mais realismo para o rendimento dos mais ricos", diz outro trecho do documento. O método usado pela equipe coordenada por Neri é o mesmo utilizado pelo economista francês Thomas Piketty em sua pesquisa para o best seller 'O Capital no Século XXI'.

Distrito federal é estado mais rico; Maranhão, mais pobre

Entre os estados, Distrito Federal é o que tem a maior renda mensal média do país, de R$ 3.148, seguido por São Paulo, com R$ 2.063, e Rio de Janeiro, com R$ 1.754. Na outra ponta, aparecem Maranhão, com renda mensal média de R$ 409 por habitante, seguido por Pará, com R$ 507, e Alagoas, com R$ 552. A renda média no país foi de R$ 1.310. Todos os dados são de 2020.

O patrimônio líquido médio também é maior no Distrito Federal (R$ 94.684). Na sequência, aparecem São Paulo (R$ 90.776), Rio Grande do Sul (R$ 64.113), Santa Catarina (R$ 63.414) e Rio de Janeiro (R$ 63.128).

Entre os estados com menor patrimônio, a situação é análoga à da renda. Maranhão é o que tem o pior indicador (R$ 6.329), seguido novamente por Pará (R$ 8.981) e Alagoas (R$ 12.556). A média nacional foi de R$ 47.432.

Nova Lima, em MG, tem maior renda média

O município brasileiro com a maior renda média em 2020 foi Nova Lima, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte (R$ 8.897 mensais). Em seguida, aparecem as cidades de Aporé (GO), com R$ 8.109; Nova Alvorada (RS), com R$ 6.150; Santana de Parnaíba (SP), com R$ 5.791, e São Caetano do Sul, R$ 4.698. Entre as capitais, a que tinha maior renda média per capita em 2020 é Florianópolis (R$ 4.215), seguida por Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736).

A desigualdade também é grande dentro de uma mesma cidade. Ao analisar as disparidades em Brasília, por exemplo, a equipe da FGV verificou que a renda média mensal por habitante no Lago Sul, zona nobre da capital, era de R$ 23.141, valor quase três vezes superior ao do município de Nova Lima, o mais rico do Brasil. O patrimônio líquido médio da população do Lago Sul é de R$ 1,43 milhão.

Acompanhe tudo sobre:Classe médiaDesigualdade socialDistribuição de rendaFGV - Fundação Getúlio Vargas

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor