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China pode abrir alguns setores a investimentos estrangeiros

No total, 62 setores figuram na lista "negativa" das áreas onde os investimentos estrangeiros são proibidos ou limitados

Tecnologia: no sentido inverso, o regime comunista começou a desacelerar as mega-aquisições chinesas (Getty Images)
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AFP

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 13h56.

A China está disposta a facilitar os investimentos estrangeiros em alguns setores cruciais, como o turismo e a alta tecnologia, indicou a Comissão Nacional para a Reforma e o Desenvolvimento (NDRC).

A agência de planejamento cita uma série de setores que poderão se abrir ao capital estrangeiro como a eletrônica para o automóvel, as baterias de carros, o material ferroviário ou os parques de diversões.

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Neste contexto, restrições drásticas aos investimentos estrangeiros poderão ser revistas, segundo indicou a NDRC.

A imprensa oficial elogiou este anúncio e insistiu na necessidade de atrair capital e tecnologia estrangeiros para o setor industrial, em particular o de energias renováveis e veículos elétricos.

No total, 62 setores figuram na lista "negativa" das áreas onde os investimentos estrangeiros são proibidos ou limitados, contra 95 no ano passado.

Mas o princípio desta lista continua a ser denunciado por Bruxelas e Washington, dispostos a criticar as desigualdades de tratamento. E esta "liberalização" precipitada parece, antes de tudo, motivada pela necessidade de frear a fuga de capitais.

Febre "irracional"

A fuga de capitais atingiu 1 bilhão de dólares em 2015, segundo a agência Bloomberg, e se intensificou este ano. Contornando os controles,empresas chinesas e pequenos investidores, preocupados com a conjuntura local morosa, buscam refúgio em investimentos mais seguros e remunerados no exterior.

"De qualquer maneira, as autoridades estavam decididas a limitar as restrições aos investimentos estrangeiros. Mas decidiram avançar na aplicação da medida porque precisam urgentemente de dinheiro fresco para compensar a queda vertiginosa das reservas de divisas este ano", comentou Liao Qun, economista do Citic Bank International.

Para apoiar o yuan, minado pela fuga de capital e em seu menor nível em oito anos, Pequim se baseia fortemente em suas reservas cambiais: que caíram para 69 bilhões de dólares em novembro.

Assim, as autoridades pretendem aumentar o investimento na China, que iria garantir-lhes, pelo menos, um fluxo de divisas.

Mas, no sentido inverso, o regime comunista começou a desacelerar as mega-aquisições chinesas no mundo todo.

Excluindo o setor financeiro, os investimentos chineses alcançaram 146 bilhões de dólares nos primeiros 10 meses de 2016 (+ 53% face ao ano anterior). Em uma declaração severa, o ministério do Comércio repreendeu "a recente tendência de investimentos irracionais no exterior", incluindo "nos setores imobiliário, hotelaria, cinema e esporte".

De acordo com vários meios de comunicação financeiros, Pequim está considerando banir os investimentos fora da China que ultrapassem os 10 bilhões de dólares. As aquisições superiores a um bilhão de dólares que fugissem das "atividades fundamentais" do grupo em questão também seriam proibidas.

As autoridades são mais suscetíveis a pôr fim a estas operações, frequentemente realizadas a crédito - enquanto a dívida chinesa (privada e pública) já atinge 250% do PIB.

Mas é, sobretudo, uma maneira de limitar as saídas de capital considerada "acessórias".

Deve ser dito que essas aquisições não poupam qualquer setor: do futebol ao cinema, passando pela tecnologia ao aplicativo de namoro Grindr, com montantes vertiginosos e, por vezes, pouco estratégicos.

Outras vítimas dos controles de capital mais rígidos: empresas estrangeiras que já operam na China.

Pequim estabeleceu na última semana ovas regras que exigem autorização oficial para transferências para o exterior superiores a US$ 5 milhões, disse à AFP a Câmara de Comércio da União Europeia na China.

O risco para as empresas "é ter seus fundos bloqueados na China", observou a instituição. "Isto agrava a incerteza e a imprevisibilidade do ambiente econômico chinês", lamenta Jörg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio.

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