Economia

China investirá US$ 250 bilhões em 10 anos na América Latina

Xi Jinping anunciou que o país investirá US$ 250 bilhões em 10 anos na América Latina e no Caribe, região onde a China pretende tomar espaço dos EUA

O presidente chinês, Xi Jinping: "a China vai ampliar seus esforços de cooperação com os países da América Latina" (Johannes Eisele/AFP)

O presidente chinês, Xi Jinping: "a China vai ampliar seus esforços de cooperação com os países da América Latina" (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 15h47.

Pequim - O presidente chinês, Xi Jinping, anunciou nesta quinta-feira que seu país investirá 250 bilhões de dólares em dez anos na América Latina e no Caribe, uma região onde Pequim pretende tomar espaço dos Estados Unidos.

Na abertura de uma reunião com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e o Caribe (Celac), Xi Jinping também manifestou seu desejo de aumentar o comércio entre a China e os 33 países deste bloco a 500 bilhões de dólares em uma década, como já anunciou durante sua viagem à América Latina em 2014.

"A China vai ampliar seus esforços de cooperação com os países da América Latina", disse o presidente da segunda economia mundial na abertura da reunião Celac-China no Grande Palácio do Povo, na Praça Tiananmen, em Pequim.

"As discussões sobre o crescimento da cooperação neste fórum serão determinantes para reforçar nossa integração com a América Latina nos próximos cinco anos, em setores como a segurança, o comércio, as finanças, as tecnologias, os recursos energéticos, a indústria e a agricultura", disse Xi Jinping em um discurso televisionado.

Xi anunciou que o investimento direto da China na América Latina na próxima década chegará a "250 bilhões de dólares", segundo informou a agência oficial Xinhua.

Maior influência na América Latina

Em troca, Pequim quer aumentar sua influência na região. "O fórum oferece uma oportunidade à China para promover sua visão e contribuir nos assuntos internacionais", diz Xinhua.

"A China busca um papel mais importante na promoção de uma ordem internacional harmônica", acrescenta.

A América Latina também deseja assentar as bases para reforçar a relação com a China, seu principal sócio comercial, a quem fornece matérias-primas e energia, durante este encontro que termina na sexta-feira.

O presidente chinês anunciou este encontro em julho durante sua viagem pela América Latina que o levou por Brasil, Argentina, Venezuela e Cuba. Na ocasião, ele se comprometeu com investimentos em projetos de aproximadamente 70 bilhões de dólares. A iniciativa marca a vontade de Pequim de estreitar relações com a região, carente, sobretudo, de infraestruturas.

"Isso é algo que a China tenta fazer há algum tempo: uma aproximação com toda a região", afirmou à AFP Margaret Myers, diretora do programa China e América Latina do centro de estudos Diálogo Interamericano, com sede em Washington.

A presença dos presidentes da Costa Rica, Luis Guillermo Solís, Equador, Rafael Correa, e Venezuela, Nicolás Maduro e o primeiro-ministro da Bahamas, Perry Christie, demonstra o interesse da região na relação com o gigante asiático.

A China, que encontrou na América Latina uma fonte quase inesgotável de matérias-primas e sobretudo recursos energéticos, em particular na Venezuela, em troca de produtos industriais, se converteu na última década no principal parceiro comercial da região.

Principal parceiro comercial

O comércio bilateral subiu a 242 bilhões de dólares nos primeiros 11 meses de 2014, quase 10 vezes mais do que 10 anos antes, mas quase dois terços correspondem às vendas chinesas, e as exportações latino-americanas se concentram em produtos de mineração e agropecuários.

Pequim está buscando constantemente recursos para sustentar a sua economia e segundo a agência oficial venezuelana AVN, o país prometeu investir 20 bilhões na Venezuela, que tem as maiores reservas de petróleo do planeta. A China deu 42 bilhões de dólares em empréstimos ao país caribenho, dos quais Caracas quitou pelo menos 24 bilhões, segundo informações oficiais.

Pequim também é um dos principais investidores na América Latina, com 102 bilhões de dólares e um dos grandes credores, um apoio precioso para Venezuela e Argentina em particular.

Pequim também fechou um acordo que permitiu ao país sul-americano fortalecer suas reservas internacionais com uma linha de crédito de até 11 bilhões de dólares.

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