Cooperação: também foram elaborados memorandos para facilitar a expedição de vistos turísticos e de negócios (Beto Barata/PR/Agência Brasil)
EFE
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 11h40.
Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 11h41.
Pequim - China e Brasil assinaram nesta sexta-feira 14 acordos de cooperação, alguns deles para a construção de projetos ferroviários, nucleares e elétricos em território brasileiro com investimento chinês, após a reunião em Pequim dos presidentes de ambos os países, Xi Jinping e Michel Temer.
Xi recebeu Temer com uma cerimônia militar na entrada do Grande Salão do Povo, sede do Legislativo chinês, ao oeste da Praça da Paz Celestial, e após uma reunião de aproximadamente uma hora, os dois governantes realizaram a assinatura desses acordos.
Entre eles se destacam o que o Banco de Desenvolvimento da China e o BNDES assinaram para uma futura linha de crédito de US$ 3 bilhões e o firmado pela empresa China Communication and Construction para a construção de um terminal no Porto de São Luís (um investimento de US$ 700 milhões), e o crédito de US$ 300 milhões entre o Eximbank e o Banco do Brasil.
Além disso, foi confirmado o investimento chinês em vários projetos de infraestrutura, como a linha férrea Bamin-Fiol-Porto do Sul, com participação da firma CREC, e as obras para a linha de transmissão de alta tensão entre o Xingu e o Rio de Janeiro, na qual trabalhará a estatal chinesa StateGrid.
Outro projeto com participação é a usina nuclear Angra III, na qual estará presente a companhia China National Nuclear Corporation.
Também foram elaborados memorandos para facilitar a expedição de vistos turísticos e de negócios, o que permitirá as coproduções cinematográficas entre ambos os países e acordos de cooperação no futebol (entre as duas federações nacionais), em comércio eletrônico, saúde e segurança alimentar.
No ato da assinatura dos acordos estavam presentes, entre outros, os ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira.
Os acordos, bem como a visita de Temer a Pequim, "elevam a coordenação entre o Brasil e a China a um novo patamar", destacou após a cerimônia Zhang Run, subdiretor-geral para a América Latina e o Caribe no Ministério de Relações Exteriores chinês.
Em declarações à imprensa, Zhang lembrou que este é o segundo encontro entre os dois presidentes, após o realizado há um ano em Hangzhou (leste da China) na cúpula do G20, e ressaltou a importância dos laços entre ambos os países, "os maiores em desenvolvimento nos dois hemisférios".
Xi e Temer, explicou o diplomata, concordaram hoje que, perante um clima de incerteza global, as duas potências "devem fortalecer a unidade e a coordenação, e enfrentar juntas os desafios para transformar a cooperação sino-brasileira em um modelo de laços entre economias emergentes".
Os dois presidentes ressaltaram a necessidade de coordenar o plano chinês das Novas Rotas da Seda, que procura construir obras de telecomunicações e infraestruturas no mundo todo, com o novo plano de desenvolvimento do Brasil, que Temer apresentará em maiores detalhes neste sábado a empresários chineses de diferentes setores.
Temer, que também viajou à China para participar da cúpula do Brics, que será realizada de 3 a 5 de setembro em Xiamen, também foi recebido pelo primeiro-chinês, Li Keqiang, e pelo presidente do Poder Consultivo, Yu Zhengsheng.
O objetivo do governo brasileiro é apresentar na China o programa nacional de privatizações e obras públicas anunciado recentemente, que procura encerrar dois anos de recessão econômica e consolidar a tímida recuperação dos últimos meses.
"O Brasil volta ao caminho da recuperação, com muitos indicadores positivos, e a parte chinesa espera que esse crescimento se mantenha", destacou Zhang.
O responsável chinês lembrou que, no primeiro semestre deste ano, o comércio bilateral cresceu 30,6% e que a China já investiu mais de US$ 30 bilhões no Brasil, que se tornou o principal destino latino-americano de capital chinês, superando a Venezuela.
Zhang evitou afirmar que o Brasil tenha substituído a Venezuela no foco das empresas chinesas devido à crise política em Caracas, e apontou que a colaboração econômica com a América Latina "não está propensa a mudanças momentâneas".
"Continuaremos participando ativamente com os países da América Latina, entre eles Brasil e Venezuela, e contribuiremos para o desenvolvimento social para ser uma positiva influência para a paz e a estabilidade regional", concluiu.