China cresce 6,1% em 2019. É possível manter o ritmo?
Governo chinês precisa acelerar transição de uma economia voltada para a fabricação de bens de consumo para exportação para a de uma com mercado interno
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 06h57.
Última atualização em 17 de janeiro de 2020 às 07h08.
São Paulo — A redução no ritmo de crescimento da China estancou? Essa é a grande dúvida de economistas e investidores nesta sexta-feira, depois de o país anunciar, ontem, seu menor crescimento anual em 29 anos. Pequim anunciou que o PIB cresceu 6% no último trimestre, fechando 2019 com avanço de 6,1%, ante crescimento de 6,6% em 2018.
Os dados vieram dentro da expectativa de analistas, e mostram, até, uma recuperação chinesa no fim de 2019. O ano, vale lembrar, foi dos mais desafiadores para o país, mergulhado numa guerra comercial com os Estados Unidos e pressionado internamente pelos protestos por democracia em Hong Kong. O avanço divulgado na noite de ontem, neste contexto, é até uma vitória.
A manutenção de um avanço na casa dos 6% é tida como essencial para o regime de Xi Jinping manter seu poderio político internamente. A meta do Partido Comunista é dobrar o PIB e a renda dos chineses na década que está começando. Para manter o ritmo, o governo deve acelerar os investimentos em infraestrutura, uma velha estratégia chinesa para segurar o ritmo da economia.
A assinatura da primeira fase de um acordo comercial com os Estados Unidos, na quarta-feira, também pode trazer algum otimismo para os fabricantes chineses em 2020. A produção industrial cresceu 6,9% no último trimestre, o melhor número em nove meses.
O governo chinês precisa acelerar a transição de uma economia voltada para a fabricação de bens de consumo para a exportação para a construção de um mercado interno forte e dinâmico. Há dúvidas crescentes se é possível fazer isso com a mão cada vez mais pesada do regime de Xi Jinping, que inibe a livre circulação de ideias e investe em avançados sistemas de monitoramento social. Para manter o ritmo de crescimento, a China pode ter que se abrir.
Segundo reportagem do jornal britânico Financial Times, a State Grid, maior conglomerado chinês de energia, trabalha com a possibilidade de o avanço do PIB chinês cair para apenas 4% ao ano até 2024. É um cenário pessimista, mas possível, segundo executivos da companhia.