(SOPA Images / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 5 de março de 2022 às 11h30.
Última atualização em 7 de março de 2022 às 10h51.
A China estabeleceu neste sábado a menor meta para o Produto Interno Bruto (PIB) em várias décadas, com a advertência do primeiro-ministro Li Keqiang sobre uma perspectiva "grave e incerta" no contexto da pandemia de coronavírus, do declínio do setor imobiliário e da guerra na Ucrânia.
Li anunciou o objetivo modesto de crescimento ao redor de 5,5% - o menor de desde 1991 - no discurso de abertura da sessão anual do Legislativo chinês.
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No discurso para quase 3.000 membros do Congresso Nacional do Povo (CNP) no Grande Salão do Povo, Li afirmou que a segunda maior economia do mundo "encontrará mais riscos e desafios".
"Temos que continuar a superá-los", completou.
A meta é manter o emprego estável, cobrir as necessidades básicas e "proteger-se do risco", afirmou no discurso, a versão chinesa do Estado da União.
O objetivo de crescimento é acompanhado com atenção na China porque o Partido Comunista baseia sua legitimidade na economia em expansão estável, algo que melhorou as condições de vida da população.
O partido se preocupa com qualquer possibilidade de instabilidade social que afete o crescimento econômico.
A estabilidade econômica deve ser a "maior prioridade", disse Li.
A sessão parlamentar de cada ano consiste em uma semana de reuniões para estabelecer as prioridades políticas, as expectativas econômicas e os objetivos de política externa do partido. O evento deste ano tem como ingrediente a intenção do presidente Xi Jinping de consolidar ainda mais seu poder.
O crescimento econômico chinês registrou uma desaceleração considerável nos últimos anos em comparação com o 'boom' das décadas anteriores, com avanços que em alguns momentos superaram 10%.
O país foi afetado recentemente pela crise do mercado imobiliário, regulamentações severas dos setores imobiliário, de tecnologia e financeiro, além de focos de coronavírus que provocaram medidas de confinamento.
A economia da China, um indicador chave do crescimento global, superou a meta oficial de pelo menos 6% de crescimento no ano passado, chegando em um momento do ano a alcançar 8,1%.
Porém, no segundo semestre a desaceleração foi muito forte.
A política chinesa de "covid zero" conseguiu conter a pandemia e permitiu a recuperação econômica em um primeiro momento, mas uma série de focos do coronavírus - combatidos com medidas de contenção severas nos últimos meses - afetou a demanda dos consumidores.
Também pesa a campanha de Pequim para conter o endividamento excessivo e a especulação dos consumidores.
Apesar da incerteza mundial provocada pela guerra na Ucrânia, Li não citou diretamente o conflito. A China evitou até o momento condenar abertamente as ações da Rússia, sua aliada diplomática.
Neste cenário, o governo também anunciou um aumento de 7,1% do orçamento militar da China - o segundo maior atrás apenas dos Estados Unidos -, a 1,45 trilhão de yuanes (230 bilhões de dólares) em 2022, seguindo a tendências dos últimos anos.
A China destinou bilhões de dólares para transformar seu enorme exército em uma força mundial de nível mundial, similar às Forças Armadas dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais.
Pelo terceiro ano consecutivo, o encontro legislativo chinês acontece de maneira reduzida devido à covid.
Os legisladores devem discutir estratégias para aumentar o número de nascimentos no país, depois que analistas alertaram para os temores de uma crise demográfica: a taxa de natalidade caiu ao mínimo histórico no ano passado.
Além da sessão anual, o Partido Comunista da China se prepara para o XX Congresso do partido no fim do ano.
A reunião, que acontece a cada cinco anos, deve aprovar o terceiro mandato de Xi Jinping, após uma mudança na Constituição para eliminar o limite de mandatos.