Economia

Cenário e estágio do ciclo impulsionaram corte da Selic, diz ata

O Copom também voltou a sinalizar a tendência de, no encontro de 20 e 21 de março, manter a Selic no patamar de 6,75% ao ano

Cédulas (Real) (Marcelo Sayão/EFE)

Cédulas (Real) (Marcelo Sayão/EFE)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 08h58.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2018 às 09h06.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou nesta quinta-feira, 15, na ata do encontro da semana passada, que a evolução de seu cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de cortes tornaram adequada a redução da Selic (a taxa básica de juros) em 0,25 ponto porcentual, de 7,00% para 6,75% ao ano.

A ideia já constava no comunicado da decisão, divulgado na quarta-feira passada (7). Na ata, o Copom também voltou a sinalizar a tendência de, no encontro de 20 e 21 de março, manter a Selic no patamar de 6,75% ao ano. 

"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme o esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária", registrou o BC.

Ao mesmo tempo, o colegiado deixou aberta a possibilidade de promover mais um corte, de 025 ponto porcentual, se as condições permitirem. "Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos", informou o BC. Na prática, a instituição observa com atenção o andamento da reforma da Previdência no Congresso e a evolução dos índices de inflação. 

A instituição repetiu ainda, na ata desta quinta-feira, que "os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

No documento, a instituição também voltou a enfatizar que "o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da taxa de juros estrutural" - aquela em que, na teoria, há crescimento sem inflação. "As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê", informou a ata.

"O Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural", disse ainda o BC.

Em outro ponto, a instituição repetiu a ideia, que constava no comunicado do Copom, de que o corte de 0,25 ponto porcentual da Selic na semana passada é "compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, com peso maior e gradualmente crescente, de 2019".

Fatores de risco

O Banco Central voltou a afirmar por meio da ata que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco "em ambas as direções". Por um lado, conforme o BC, "a combinação de possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços dos alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado".

Por outro lado, o BC afirma que uma "frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória de inflação no horizonte relevante para a política monetária".

De acordo com o BC, este risco ligado ao andamento das reformas "se intensifica no caso de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes".

As ideias relacionadas aos riscos, expressas pelo Copom na ata agora divulgada, repetem o que havia sido publicado pela instituição no comunicado da semana passada, quando o colegiado cortou a Selic para 6,75% ao ano.

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