Economia

Casa Branca prevê aumento do teto da dívida sem dramas

Republicanos vão concordar nas próximas semanas com o aumento do limite de endividamento dos Estados Unidos sem usar as táticas de confronto do passado


	Casa Branca: há menos apetite no Congresso para os impasses fiscais que ocorreram nos anos recentes
 (Yuri Gripas/Reuters)

Casa Branca: há menos apetite no Congresso para os impasses fiscais que ocorreram nos anos recentes (Yuri Gripas/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 09h46.

Washington - Uma importante autoridade da Casa Branca demonstrou confiança que os republicanos vão concordar nas próximas semanas com o aumento do limite de endividamento dos Estados Unidos sem usar as táticas de confronto que agitaram os mercados financeiros nos últimos anos.

A diretora de Orçamento da Casa Branca, Sylvia Mathews Burwell, disse na quinta-feira acreditar que há menos apetite no Congresso para os impasses fiscais que ocorreram nos anos recentes, como a disputa de 2011 sobre o limite da dívida e o conflito relacionado ao orçamento de outubro passado, que levou a uma paralisação de 16 dias do governo.

Numa entrevista à Reuters, Sylvia Burwell lembrou a aprovação no início do mês de um projeto de 1,1 trilhão de dólares para financiar o governo pelos próximos nove meses.

A votação para aprovar o projeto de orçamento se deu após um acordo firmado em dezembro entre o deputado republicano Paul Ryan e o senador democrata Patty Murray, que incluiu uma redução de déficit com uma limitada flexibilização dos cortes orçamentários automáticos.

Segundo ela, acordos como esse sugerem um interesse em ficar "longe da rota de crise".

"Como vai acontecer? Eu acho que vai acontecer", disse Burwell. Ela lembrou que o Congresso, com maioria republicana na Câmara dos Deputados e maioria democrata no Senado, aprovou duas vezes o aumento do teto no ano passado.

"Nós conseguimos duas vezes no passado, e acho que vamos conseguir", afirmou.


Sob o acordo que terminou com a paralisação do governo em outubro passado, o Congresso suspendeu o teto de endividamento até 7 de fevereiro. Os governantes têm mecanismos que podem usar para evitar o calote, mas o secretário do Tesouro, Jack Lew, alertou que o governo vai exaurir a sua capacidade de empréstimo no fim de fevereiro.

Parlamentares republicanos reunidos em Cambridge, no Estado de Maryland, afirmaram que insistiriam em conseguir concessões do presidente Barack Obama para aprovar o aumento do teto.

Os republicanos devem discutir a estratégia para o limite da dívida nesta sexta-feira, no final da reunião de três dias. Para aprovar o aumento do teto eles avaliam pedidos como a expansão da produção energética offshore, mudanças no programa de assistência médica de Obama e a aprovação de um duto de petróleo.

Numa entrevista à rede de TV CNN nesta quinta-feira, Ryan disse que os republicanos encaram o debate sobre o teto como um momento para discutir maneiras de lidar com dívidas e déficits a longo prazo.

"Não vamos dar calote nos nossos títulos", afirmou Ryan. "Sabemos que isso não é uma boa ideia, mas não queremos deixar passar o momento sem que tenhamos uma conversa sobre como podemos melhorar para que esse problema do teto não ocorra sempre." Sylvia Burwell afirmou que os comentários do presidente da Câmara, John Boehner, e de outros líderes republicanos indicam que eles acreditam que o aumento do teto é algo que "tem que acontecer".


Mesmo assim, não está claro o quanto que os republicanos vão exigir em concessões da Casa Branca, que tem dito que não vai negociar em relação tema. A falta de um acordo até os momentos finais do prazo já assustou investidores no passado.

Otimismo

A Casa Branca vai anunciar a sua proposta anual de orçamento em 4 de março. Burnwell não quis dar detalhes sobre o plano, mas foi otimista em relação à situação fiscal dos Estados Unidos.

"Vai haver mais crescimento, energia e otimismo", disse.

O Escritório de Orçamento do Congresso afirmou em novembro que o déficit orçamentário para o ano fiscal de 2013 foi de 680 bilhões de dólares, abaixo do 1,089 trilhão de dólares de 2012.

"Sobre o tema do déficit a longo prazo, um dos principais motores desses custos é a assistência médica", declarou Burwell.

"O que temos visto é que pela primeira vez em 50 anos tivemos o menor aumento de custos com saúde e com as coisas que contribuem com o problema a longo prazo." 

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