Agência de notícias
Publicado em 18 de abril de 2024 às 17h28.
Última atualização em 18 de abril de 2024 às 17h42.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, repetiu em entrevista à imprensa nesta quinta que o BC apenas intervém no mercado de câmbio para corrigir mau funcionamento e não para ir contra alguma mudança estrutural, “como o caso em que taxas de juros nos Estados Unidos tenham que ficar mais altas por mais tempo”.
Em fala ontem em evento em Washington, o presidente do BC já havia dito que intervenções são só para circunstâncias como mau funcionamento do mercado. Nesta quinta-feira, Campos Neto ressaltou que o Brasil tem reservas internacionais grandes que funcionam automaticamente como um absorvedor de choques.
"Nós achamos que se você intervir contra algo que é estrutural, o que você faz é criar distorção em outras variáveis macroeconômicas. O câmbio flutuante serve um bom propósito porque é um absorvedor de choques", ele disse.
Campos Neto também alertou para a falta de liquidez em países de baixa renda e crédito privado. Segundo o presidente do BC, “podemos ter uma reversão de liquidez”.
O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Paulo Picchetti, também participou da entrevista e afirmou que as reuniões enfatizam a necessidade de suprir necessidade de capital.
O presidente do BC afirmou que quanto mais transparência na política monetária, menor o ruído e que “antecipamos dúvida sobre processo de desinflação global”. Sobre política monetária, Campos Neto afirmou que o BC decidiu não usar o guidance para dar mais transparência, mas “quando isso muda, traz incerteza”.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a decisão foi por reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual para 10,75% ao ano e sinalizar um corte, de mesma magnitude, apenas para a próxima reunião, que acontecerá em maio.
Campos Neto afirmou que diante da nova incerteza, não se sabe como será a reprecificação. O presidente do BC disse que “a gente vê alguns caminhos”. O primeiro seria voltar para um cenário de normalidade, e o outro é uma incerteza mais prolongada que possa gerar “ruptura no mercado, o que significa uma reprecificação mais forte e, dependendo do caminho, a gente vai ter a função reação”.
O presidente do BC participou da entrevista ao lado do diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Paulo Picchetti, da embaixadora Tatiana Rosito, secretária de assuntos internacionais do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
(*Especial para O GLOBO)