Economia

CAMPINAS - 8º Lugar

Rica e culta

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h48.

Sem hesitação, a bióloga mineira Laila Alves Nahum deu adeus às florestas à beira-mar de Woods Hole, em Massachusetts, e trocou o Marine Biological Laboratory por um emprego na Alellyx Genomics, em Campinas. Largou uma instituição fundada em 1888, com 37 prêmios Nobel, por uma empresa brasileira de biotecnologia de risco com um mês de vida. "Eu poderia continuar meu pós-doutoramento em genômica", diz Laila. "Mas preferi fazer pesquisa de ponta numa empresa bem aparelhada, com um ambiente intelectual estimulante." Desde que desembarcou em Campinas, em agosto, a cientista mal teve tempo de conhecer a cidade, um dos maiores pólos da economia do conhecimento do país.

Campinas é um ímã para profissionais como Laila e para empresas como a Alellyx, montada pelo fundo Votorantim Ventures para gerar soluções genéticas para o agronegócio. A atração das suas universidades e empresas de tecnologia é mais forte do que a reputação de insegurança e violência da cidade, dramatizada pelo assassinato do prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, em outubro de 2001. O crime sacudiu a comunidade, mas gerou reação. A guarda municipal aumentou seu efetivo de 307 para 592 guardas. Em 2003, eles chegarão a 792. Em um ano, o número de roubos caiu 28% e o de furto de carros, 35%.

Campinas sofreu um golpe na auto-estima, mas não perdeu investimentos. De janeiro a julho de 2002, a cidade atraiu 197 milhões de dólares em novos negócios, segundo a Fundação Seade, do governo do estado. Cerca de 70% foram para a indústria, 28% para o setor de serviços e 2% para o comércio. "As indústrias nos procuram por duas razões", diz a prefeita Izalene Tiene, do PT. "Infra-estrutura adequada e mão-de-obra qualificada." Em torno da cidade gravitam centenas de empresas de informática, de biotecnologia, de telecomunicação, de agronegócios, têxteis, metal-mecânicas, montadoras de veículos e refinarias de petróleo.

Com três universidades (Unicamp, PUC e Unip) e dezenas de faculdades privadas (duas inauguradas em 2002, Mackenzie e São Francisco), Campinas esbanja qualificação. Só na Unicamp, 45% dos 22 000 alunos fazem pós-graduação. Essa concentração de profissionais credenciados induziu a Alcatel francesa, por exemplo, a injetar 14 milhões de reais, em agosto, no Laboratório de Comutação e Redes do Instituto de Tecnologia de Software, uma ONG de pesquisa apoiada por empresas. O objetivo é desenvolver redes de telefonia celular para a nova tecnologia GSM. "Campinas é um cluster de tecnologias de ponta", diz Armando Drummond, diretor do laboratório. Drummond tem como vizinhos nomes como Motorola, Nortel, Lucent, Microsoft, Ericsson, IBM e Nextel.

A rede francesa Fnac, varejista de livros, música e eletroeletrônicos, também não titubeou. Depois de abrir lojas em São Paulo e no Rio de Janeiro, escolheu Campinas para investir 8,5 milhões de dólares e inaugurar sua terceira filial brasileira. "Foi um investimento seguro", diz Martine Birnbaum, diretora de marketing. "A classe média campineira está habituada ao consumo de bens culturais." A Fnac é um bom lugar para a bióloga Laila Nahum curtir a cidade.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Produção de motos no Polo Industrial de Manaus cresce 11,4% em agosto

Polícia Federal deflagra operação contra fraudadores da Previdência Social no estado do RJ

Governo aposta em três projetos que somam R$ 56 bilhões para destravar investimentos verdes

“A inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima”, afirma Haddad