Economia

Calote em alta torna bancos mais conservadores

Houve avanço no crédito consignado, de menor risco, em detrimento de outras linhas de financiamento


	Os bancos, escaldados pela alta do calote e pressionados pela redução dos spreads, estão mais interessados em emprestar dinheiro nas linhas de menor risco, a fim de garantir os resultados
 (Chris Hondros/Getty Images)

Os bancos, escaldados pela alta do calote e pressionados pela redução dos spreads, estão mais interessados em emprestar dinheiro nas linhas de menor risco, a fim de garantir os resultados (Chris Hondros/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2013 às 09h12.

São Paulo - O avanço do crédito consignado em detrimento de outras linhas de financiamento reflete não só o aumento da procura do consumidor, mas também o maior interesse dos bancos em ofertar essa modalidade de crédito.

De um lado são os consumidores endividados ou inadimplentes que querem trocar uma dívida cara por outra mais barata, pois a taxa de juros do consignado é inferior à média do mercado. Em abril, a taxa média do consignado ao ano era de 24,3%, ante 136,8% do cheque especial, por exemplo, segundo dados do Banco Central.

De outro lado, os bancos, escaldados pela alta do calote e pressionados pela redução dos spreads (a diferença entre a custo de captação e do empréstimo), estão mais interessados em emprestar dinheiro nas linhas de menor risco, a fim de garantir os resultados.

Rogério Calderón, diretor de Controladoria do Itaú Unibanco, observa que, diante dos spreads menores, o seu banco e outros decidiram ampliar as operações em linhas de menor risco, como o consignado e o crédito imobiliário.

"É difícil determinar se houve um aumento de demanda das pessoas pelo consignado ou se houve uma busca do banco para ampliar a oferta dessa linha de crédito. Mas as duas coisas levaram a esse resultado: essa foi a linha de crédito que mais cresceu no primeiro trimestre no segmento de pessoa física", afirma o executivo.

No caso de veículos, pressionado pelo aumento da inadimplência, o Itaú Unibanco ficou mais restritivo nos empréstimos: começou a exigir entrada maior e encolheu os prazos. Com isso, reduziu de 33%, no começo do ano passado, para 25%, hoje, a participação de mercado de crédito para veículos.

No Bradesco, o saldo da carteira do consignado aumentou 22% em março deste ano na comparação com o mesmo mês de 2012. O diretor adjunto do Bradesco, Octávio de Lazardi, atribui o crescimento do consignado à segurança que essa linha proporciona tanto para o banco, que oferece o empréstimo, como para o trabalhador, que levanta o financiamento com a prestação descontada diretamente do salário.

Acompanhe tudo sobre:BancosCrédito consignadocredito-pessoalFinançasInadimplência

Mais de Economia

Luiza Trajano faz apelo a Galípolo e pede que BC pare de comunicar alta de juros: 'Atrapalha tudo'

Brasil pode sofrer menos com tarifas, mas guerra comercial é ruim em qualquer cenário, diz Galípolo

Lula diz que ligou para presidente do TCU para 'agradecer' por liberação de verbas do Pé-de-Meia

Lula afirma que reagirá à taxação do aço por Trump: 'Vamos denunciar na OMC ou taxar produtos deles'