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Brics encerram cúpula com intuito de ampliar laços com países emergentes

Na contramão das medidas protecionistas dos Estados Unidos, os Brics reafirmaram sua intenção de expandir seus laços comerciais

Devemos expandir a cooperação, ressaltou o presidente da China (Gianluigi Guercia/Reuters)
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EFE

Publicado em 27 de julho de 2018 às 15h42.

Johanesburgo - Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) encerraram nesta sexta-feira a X Cúpula com uma reunião com mais de 20 nações convidadas na qual deixaram clara a vontade estratégica de ampliar laços com outros países emergentes ou em vias de desenvolvimento, especialmente da África.

Os líderes do bloco reafirmaram em Johanesburgo a aposta pelo multilateralismo, pelo livre-comércio e por ser uma plataforma de cooperação que se traduza em benefícios não só aos cinco membros, mas também para outros países.

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"Devemos expandir a cooperação", ressaltou o presidente da China, Xi Jinping, durante a sessão, no terceiro e último dia de cúpula, realizada no Centro de Conferências de Sandton, distrito financeiro de Johanesburgo.

Como anfitriã e presidente de turno do bloco, a África do Sul colocou ênfase para que a cúpula olhasse especialmente para a África e, para isso, tinha convidado chefes de Estado de várias nações como os do Zimbábue, Senegal, Ruanda e Namíbia, entre muitos outros.

Cada um teve oportunidade de expressar sua postura e todos concordaram que os Brics podem ser um grande aliado para iniciar importantes melhorias para o desenvolvimento do continente africano em temas como infraestruturas, industrialização e agricultura.

"Não queremos seguir exportando matérias-primas pelas quais só conseguimos 10% do valor", afirmou o presidente de Uganda, Yoweri Musevini.

Do lado dos parceiros também houve coincidências nas amplas oportunidades de benifício mútuo que oferece o continente.

"Queremos que a agenda dos Brics para a África seja tão intensa como intenso é o vínculo histórico e afetivo do Brasil com este continente", indicou o presidente Michel Temer, que apontou que o bloco "pode e deve ser aliado do desenvolvimento" africano.

"A África é um dos lugares para fazer negócios mais vibrantes do mundo", afirmou o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Além dos líderes africanos, também estiveram na reunião representantes de outros países, como o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

"A escalada de medidas unilaterais e de represálias têm um potencial impacto sistêmico no crescimento e exercem pressão sobre a eficácia do multilateralismo", afirmou Macri em seu discurso, na qual se mostrou de acordo com a postura dos Brics desde o começo da cúpula, na quarta-feira.

Embora não tenha havido menções diretas, essa mensagem transversal em todas as sessões de trabalho fazia clara alusão às medidas unilateral e protecionista dos Estados Unidos sob o governo do presidente Donald Trump.

Os Brics, que representam mais de 40% da população global e 23% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, também avançaram em outros aspectos além dos puramente econômicos e políticos.

Na cúpula estiveram sobre a mesa temas como a criação de um grupo de trabalho sobre paz e segurança, uma expansão da parceria para áreas como cultura, turismo e esporte - com exemplos como festivais de cinema e campeonatos de futebol entre os parceiros -, um acordo de aviação e a agenda de igualdade de gênero.

Também foi avaliado o papel destacado do Novo Banco de Desenvolvimento (NBC), criado pelos Brics em 2014 para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentado tanto nos países-membros como em outras economias emergentes.

Nesse sentido, os membros do bloco acordaram em Johanesburgo a criação de uma nova sede regional para a América da entidade financeira, que estará localizada em São Paulo.

Outro dos eixos da cúpula foi como enfrentar os desafios da quarta revolução industrial e da revolução digital e o impacto desta nas relações socioeconômicas.

"Os países Brics estão determinados a trabalhar juntos para estar na vanguarda da liderança na quarta revolução industrial", afirmou hoje o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, ao fazer balanço final da cúpula.

Em relação à imprensa, Ramaphosa avaliou a reunião como "bem-sucedida" e considerou que o grupo está muito "vivo", cheio de "ideias inovadoras".

"Ao final, queremos ver um mundo que funcione sobre a base da cooperação, das soluções de mútuo benefício, a colaboração e a solidariedade", concluiu o líder sul-africano.

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