Economia

BRIC pede ação rápida para enfrentamento da crise

Representando o grupo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cobrou ousadia e cooperação aos países europeus

"Existe um risco agora de que a crise da dívida soberana de alguns países, que não está sendo solucionada, possa se transformar em uma nova crise financeira”, alertou Mantega (Elza Fiuza/ABr)

"Existe um risco agora de que a crise da dívida soberana de alguns países, que não está sendo solucionada, possa se transformar em uma nova crise financeira”, alertou Mantega (Elza Fiuza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2011 às 13h30.

Brasília - O grupo conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) quer uma ação rápida e ousada dos países europeus para enfrentamento da crise econômica. “Os países europeus têm que ser rápidos na decisão, têm que ser ousados e têm que ser cooperativos entre si”, disse o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, que se encontra em Washington para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O ministro disse ainda que há risco de agravamento dos problemas e de envolvimento do BRIC na crise.

Falando em nome do BRIC, Mantega lembrou que a situação internacional inspira cuidados e que a situação tem se complicado nos últimos meses. Segundo o ministro, é importante impedir que a crise dê um “salto qualitativo” e atinja um nível mais grave. Até agora, avaliou, a crise estava localizada nos países avançados, e o BRIC e outros países emergentes têm conseguido manter um certo ritmo de crescimento, sem ser atingidos em suas “funções vitais”.

“Porém, existe um risco agora de que a crise da dívida soberana de alguns países, que não está sendo solucionada, possa se transformar em uma nova crise financeira”, afirmou.

Os representantes do BRIC avaliam que o “epicentro” da nova crise é a União Europeia, ao contrário do que foi em 2008, quando os problemas surgiram nos Estados Unidos. O grupo avalia que na situação atual há uma demora para encontrar soluções ao contrário do que ocorreu há três anos. “O risco dessa crise se agravar é que ela vai envolver o BRIC e os países emergentes menos avançados”, disse Mantega.

Um dos problemas para o BRIC com o agravamento da crise tem a ver com o comércio mundial, que pode ser reduzido com consequência para os países exportadores de matérias-primas, como o Brasil. De acordo com Mantega, o preço mundial das commodities tem caído e pode enfraquecer o crescimento do BRIC e dos demais emergentes provocando uma crise de “grandes proporções”.

O ministro disse ainda que se o problema da Grécia não for resolvido o mais rápido possível, outras economias serão contaminadas pela crise. Na avaliação dele, a cada dia que passa, os problemas são ampliados e fica caro resolver a crise.

No fim da tarde de hoje (23), em Washington, ministros de finanças e de desenvolvimento do G20 – grupo que representa as vinte maiores economias do planeta – e do BRIC se reunirão no prédio do Banco Mundial.

No encontro, informou Mantega, o BRIC recomendará o fortalecimento do G20 e do papel do FMI, que deve ter mais condições financeiras para enfrentar os problemas que podem afetar não só “os países mais avançados, mas também “os emergentes mais fracos” que precisarão de suporte financeiro caso a crise se aprofunde. Para o BRIC, é preciso maior integração entre eles.

Segundo o ministro, o BRIC tem uma dinâmica diferente dos países avançados, tem crescimento econômico maior, no momento, mercados internos em expansão e situação fiscal melhor. “Nós temos uma condição maior de solidariedade entre os nossos países. Ou seja, nós decidimos aumentar a solidariedade entre o BRIC, com o aumento da atividade comercial financeira e buscar sinergias entre o BRIC. Afinal de contas, o grupo, com outros emergentes, hoje lidera o crescimento da economia”.

A entrevista do ministro Guido Mantega foi disponibilizada no site do FMI logo após o encontro realizado ontem (22) à noite nos Estados Unidos.

O BRIC também distribuiu nota afirmando que o grupo está aberto a considerar esforços adicionais para trabalhar com outros países e instituições financeiras internacionais a fim de enfrentar os desafios atuais para a estabilidade financeira global. O comunicado, publicado no site do governo da Índia, não cita se as medidas incluem a compra de títulos públicos por parte do grupo para ajudar os países europeus.

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