Economia

Desemprego recua para 14,1%, mas ainda é o pior na série histórica, diz IBGE

Apesar de melhor do que no pico da pandemia, esta é a pior taxa de desemprego para um trimestre encerrado em novembro desde o início da série histórica, em 2012

 (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

(Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 09h26.

Última atualização em 28 de janeiro de 2021 às 18h56.

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 14,1% no trimestre até novembro, segundo nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa é que o desemprego atinja 14 milhões de brasileiros, segundo informou o IBGE nesta quinta-feira, 27.

O resultado representa um recuo de 0,2 ponto percentual ante os 14,3% do período anterior, no trimestre encerrado em outubro. Este é o segundo seguido recuo da taxa de desemprego.

Apesar dos avanços, o IBGE aponta que esta é a pior taxa de desemprego para um trimestre encerrado em novembro desde o início da série histórica, em 2012. O fim do ano, no geral, tem alto volume de contratações temporárias em meio às festas e férias. A título de comparação, o desemprego havia ficado em 11,2% no mesmo período em 2019 (cerca de 2,2 milhões de pessoas empregadas a mais).

“Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas”, diz a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, do IBGE, em nota com a divulgação dos resultados.

Beringuy afirma que atividades como alojamento e alimentação, serviços domésticos e o próprio comércio ainda acumulam perdas anuais relevantes, apesar do crescimento recente.

No trimestre encerrado em novembro, o aumento da absorção de trabalhadores foi percebido em todos os dez setores pesquisados, com exceção do setor de serviços, ainda amplamente afetado pela pandemia -- e também o maior empregador brasileiro, respondendo por dois terços dos empregos antes da crise.

O comércio foi o setor que mais absorveu trabalhadores no período, mais de 854.000 pessoas. “O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, diz a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, do IBGE.

Segundo o IBGE, a maior parte do aumento da ocupação veio novamente do mercado informal, que respondeu por mais de 60% do crescimento dos empregos, aumento que já havia ocorrido no trimestre anterior.

O número de empregados informais subiu 11,2% e o de trabalhadores no setor privado com carteira assinada aumentou 3,1%. O mercado informal havia tido quedas bruscas de empregabilidade durante os piores meses da pandemia, com vários setores da economia fechados e viagens restritas. Na outra ponta, foi o emprego formal quem segurou as vagas, sobretudo diante do programa de redução da jornada e salário do governo federal -- que, segundo o Ministério da Economia, manteve os empregos de 10 milhões de pessoas. O Ministério estuda prorrogar o programa em meio ao prolongamento da crise.

Com isso, a taxa de informalidade no Brasil subiu de 38% para 39,1%, mais próxima dos níveis pré-pandemia, quando ficava na casa dos 40%. “Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia e também foram os que mais cedo retornaram a esse mercado", diz Beringuy. 

Embora tenha melhorado desde o pico do desemprego, no trimestre entre julho e setembro, a taxa de desemprego brasileira está ainda longe dos patamares pré-pandemia, quando beirava os 12%. Mesmo naquele momento, o Brasil já vinha de uma crise econômica interna e níveis baixos de desemprego desde 2016, mas a pandemia piorou o cenário.

Um grande desafio brasileiro para 2021 é retomar os empregos em meio à crise econômica e possível freio no consumo com o fim do auxílio emergencial. A lentidão na vacinação -- o Brasil vacinou até agora menos de 0,3% da população -- também deve fazer com que a economia demore a reabrir a pleno vapor, incluindo em setores com alto número de empregados, como turismo e restaurantes.

Uma expectativa para os próximos meses é que haja ainda um aumento na taxa de desemprego com mais pessoas efetivamente procurando trabalho, sobretudo diante do fim do auxílio.

De 0 a 10 quanto você recomendaria Exame para um amigo ou parente?

Clicando em um dos números acima e finalizando sua avaliação você nos ajudará a melhorar ainda mais.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaDesempregoIBGE

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor