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Brasil tem desafio para reduzir adubo importado

Consumo de adubo no país atingiu o recorde de 31,08 milhão de toneladas no ano passado, enquanto a produção interna seguiu direção contrária

Homem passa por galpão com sacos de fertilizante: produção menor é reflexo do esgotamento da vida útil da principal mina de potássio do país (Andrey Rudakov/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 16h17.

São Paulo - O Brasil enfrenta desafios permanentes para reduzir a dependência de importação de fertilizantes , como almeja o governo, por conta de altos custos de produção e tributos, que diminuem a competitividade do país frente a concorrentes externos, disse o diretor-executivo da associação que reúne a indústria de adubos.

O consumo de adubo no país, uma potência agrícola, atingiu o recorde de 31,08 milhão de toneladas no ano passado, enquanto a produção interna seguiu direção contrária, registrando o menor nível desde 2009.

A produção menor é reflexo do esgotamento da vida útil da principal mina de potássio do país, da Vale, em fase de desaceleração na produção, e de um custo cada vez maior nas minas de fósforo, cada vez mais profundas e, portanto, mais custosas, disse David Roquetti Filho, diretor-executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).

Enquanto isso, os preços internacionais de fertilizantes ficaram mais baixos no ano passado, reduzindo ainda mais a competitividade do Brasil, que pode optar por produtos de outras origens, dependendo dos custos com frete.

"Nossa produção está diminuindo, mas, ao mesmo tempo, o produtor está sendo suprido pelo mercado internacional", explicou.

O Brasil, quarto maior consumidor, importou quase 70 por cento de sua demanda total por NPK --sigla para os nutrientes nitrogênio, potássio e fósforo, que compõem a fórmula final dos fertilizantes.

Segundo a Anda, até 2017 a cadeia produtiva está em situação razoavelmente confortável com a previsão de início de projetos, como os da Petrobras, Galvani, Vale, Anglo American, MbAC, apresentados em congresso do setor no ano passado.

"Mas se a gente não começar a pensar desde já em projetos a partir de 2017, esta dependência (da importação) poderá voltar a crescer", afirmou.


Embora a indústria evite fazer projeções, o país tem à frente uma perspectiva de consumo crescente com agricultores capitalizados e um aumento constante de área agrícola.

"Aí você entra naquele conceitual, que são os desafios da indústria nacional", disse o executivo.

Entraves

Entre as dificuldades do setor, ele mencionou questões recorrentes como a isonomia tributária, uma vez que o ICMS de 8,4 por cento que a indústria nacional paga em média, não incide ou é diferido para o produto importado.

Além disso, acrescentou, a indústria também paga a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cefem), os chamados royalties, de 2 por cento, que segundo o executivo não é aplicada na maioria dos países que produzem matéria-prima para o fertilizante final.

"Só aí já deu 10,4 por cento de diferença (no custo de produção), isso mais o tempo para liberação de licenças ambientais e o custo alto de energia... Tudo isso torna o produto nacional menos competitivo", avaliou.

Para expandir a produção, a indústria carece fazer investimentos de grande escala, ao custo de pelo menos 3 bilhões de dólares, que levam de cinco a sete anos para iniciarem.

"São projetos de risco, e assumir risco em um país com estas características, dificulta os investimentos", explicou.

A situação só é mais amena para os fertilizantes nitrogenados, que tem projetos previstos para entrarem em operação este ano, da Petrobras, minimizando a pressão de importação.

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São Paulo - O Brasil enfrenta desafios permanentes para reduzir a dependência de importação de fertilizantes , como almeja o governo, por conta de altos custos de produção e tributos, que diminuem a competitividade do país frente a concorrentes externos, disse o diretor-executivo da associação que reúne a indústria de adubos.

O consumo de adubo no país, uma potência agrícola, atingiu o recorde de 31,08 milhão de toneladas no ano passado, enquanto a produção interna seguiu direção contrária, registrando o menor nível desde 2009.

A produção menor é reflexo do esgotamento da vida útil da principal mina de potássio do país, da Vale, em fase de desaceleração na produção, e de um custo cada vez maior nas minas de fósforo, cada vez mais profundas e, portanto, mais custosas, disse David Roquetti Filho, diretor-executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).

Enquanto isso, os preços internacionais de fertilizantes ficaram mais baixos no ano passado, reduzindo ainda mais a competitividade do Brasil, que pode optar por produtos de outras origens, dependendo dos custos com frete.

"Nossa produção está diminuindo, mas, ao mesmo tempo, o produtor está sendo suprido pelo mercado internacional", explicou.

O Brasil, quarto maior consumidor, importou quase 70 por cento de sua demanda total por NPK --sigla para os nutrientes nitrogênio, potássio e fósforo, que compõem a fórmula final dos fertilizantes.

Segundo a Anda, até 2017 a cadeia produtiva está em situação razoavelmente confortável com a previsão de início de projetos, como os da Petrobras, Galvani, Vale, Anglo American, MbAC, apresentados em congresso do setor no ano passado.

"Mas se a gente não começar a pensar desde já em projetos a partir de 2017, esta dependência (da importação) poderá voltar a crescer", afirmou.


Embora a indústria evite fazer projeções, o país tem à frente uma perspectiva de consumo crescente com agricultores capitalizados e um aumento constante de área agrícola.

"Aí você entra naquele conceitual, que são os desafios da indústria nacional", disse o executivo.

Entraves

Entre as dificuldades do setor, ele mencionou questões recorrentes como a isonomia tributária, uma vez que o ICMS de 8,4 por cento que a indústria nacional paga em média, não incide ou é diferido para o produto importado.

Além disso, acrescentou, a indústria também paga a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cefem), os chamados royalties, de 2 por cento, que segundo o executivo não é aplicada na maioria dos países que produzem matéria-prima para o fertilizante final.

"Só aí já deu 10,4 por cento de diferença (no custo de produção), isso mais o tempo para liberação de licenças ambientais e o custo alto de energia... Tudo isso torna o produto nacional menos competitivo", avaliou.

Para expandir a produção, a indústria carece fazer investimentos de grande escala, ao custo de pelo menos 3 bilhões de dólares, que levam de cinco a sete anos para iniciarem.

"São projetos de risco, e assumir risco em um país com estas características, dificulta os investimentos", explicou.

A situação só é mais amena para os fertilizantes nitrogenados, que tem projetos previstos para entrarem em operação este ano, da Petrobras, minimizando a pressão de importação.

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