O resultado do mês passado não foi compensado pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que somaram apenas US$ 3,703 bilhões (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2013 às 14h02.
Brasília - O mau desempenho da balança comercial afetou drasticamente as contas externas em janeiro, com o país registrando déficit em transações correntes recorde de 11,371 bilhões de dólares, rombo influenciado também pela maior remessa de lucros e dividendos ao exterior, informou o Banco Central nesta sexta-feira.
O resultado do mês passado --pior do que o esperado por economistas consultados pela Reuters, que previam saldo negativo de 9,6 bilhões de dólares-- não foi compensado pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que somaram apenas 3,703 bilhões de dólares, o menor valor mensal desde maio do ano passado. Neste caso, as projeções eram de ingresso líquido de 4,5 bilhões de dólares.
"Tivemos um déficit significativo em janeiro, o mais alto da série e acima até do que havíamos estimados e esse resultado se deveu fundamentalmente ao déficit expressivo na balança comercial", comentou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
O elevado déficit nas contas externas deve se repetir em fevereiro, com previsão do Banco Central de saldo negativo de 5,7 bilhões de dólares em transações correntes, influenciado, ainda, pela performance ruim da balança comercial.
Também neste mês o ingresso de investimentos estrangeiros diretos não deverá ser expressivo. Até o último dia 20, esse fluxo estava em 2,2 bilhões de dólares e a autoridade monetária projeta um total de 3,5 bilhões de dólares, indicando ingressos mais fracos no início do ano.
Uma melhora nas contas externas ocorrerá, segundo o BC, a partir de março, com o início do embarque da safra agrícola e vendas mais expressivas de minério de ferro ao exterior com preços maiores que os do ano passado.
O rombo nas transações correntes --que englobam as importações e exportações de bens e serviços, além transferências unilaterais -- veio do déficit de 4,036 bilhões de dólares na balança comercial em janeiro, muito acima do saldo negativo de 1,307 bilhão de dólares visto um ano antes, e pela remessa de lucros e dividendos de 2,068 bilhões de dólares. Em janeiro de 2012, esses envios haviam somado 981 milhões de dólares.
"As despesas de remessa oscilam mês a mês e, tomando um intervalo um pouco maior, respondem ao estoque de IED, que vem aumentando, e é natural que esse fluxo seja crescente a médio prazo; reflete a atividade econômica e pode também ser efeito de reação da atividade econômica doméstica", disse Maciel.
Os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens, ainda segundo o BC, chegaram a 1,598 bilhão de dólares em janeiro, marcado por despesas com férias, com leve alta sobre os gastos de 1,426 bilhão de dólares em dezembro.
O BC projeta para este ano um déficit em transações correntes de 65 bilhões de dólares, resultado que seria financiado pelos investimentos diretos, cuja estimativa também é de 65 bilhões de dólares para este ano.
Ainda segundo a autoridade monetária, em janeiro, as aplicações estrangeiras em ações negociadas no Brasil ficaram em 3,323 bilhões de dólares, praticamente estáveis frente a dezembro, mas abaixo das aplicações de 4,3 bilhões de dólares registradas em janeiro de 2012.
Por outro lado, os investimentos estrangeiros em renda fixa líquidos no país somaram 372 milhões de dólares, ante 637 milhões de dólares em janeiro do passado.