Economia

Brasil insistirá no G20 em acabar com ajuste

A presidente Dilma Rousseff antecipou a mensagem que levará ao G20 no ''delicado momento econômico pelo qual passam o mundo e a Europa em particular''

Segundo Dilma, a saída da crise passa ''pelo crescimento com distribuição de renda e a criação de empregos'' (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Segundo Dilma, a saída da crise passa ''pelo crescimento com distribuição de renda e a criação de empregos'' (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2012 às 19h37.

Brasília - O Brasil comparecerá à Cúpula do G20 no México convencido de que o caminho da recuperação mundial não passa por contenções da despesa, mas por medidas que estimulem o crescimento, que são as que puseram o país ''no caminho certo''.

A presidente Dilma Rousseff antecipou na semana passada, ao receber o rei Juan Carlos I da Espanha, a mensagem que levará ao G20 no ''delicado momento econômico pelo qual passam o mundo e a Europa em particular''.

Segundo Dilma, a saída da crise passa ''pelo crescimento com distribuição de renda e a criação de empregos'' com o necessário ''equilíbrio macroeconômico'', e não ''pelo ajuste e a paralisia'', que acabam tombando suas consequências sobre os mais pobres.

Desde que explodiu a primeira fase da crise financeira global, em 2008, o Brasil aplicou as receitas recomendadas por Dilma e se manteve praticamente à margem das turbulências, em boa medida graças aos altos preços das matérias-primas, que constituem o grosso de suas exportações.

Além do comércio exterior, foram aplicados planos sociais de muita envergadura, que na última década permitiram tirar da pobreza e incorporar ao mercado interno cerca de 40 milhões de pessoas.

Segundo o Governo Federal, essa nova classe média é a que faz ''girar a roda da economia'', pois seu forte papel no mercado potencializa a atividade industrial e por sua vez contribui com a geração de emprego, o que permite ao país registrar uma taxa de desemprego de 5,7%.


Com uma estrita disciplina fiscal e uma inflação controlada em torno de 5% ao ano, a economia brasileira acumulou na última década um crescimento próximo de 40%, com picos de 6,1% em 2007 e de 7,5% em 2010.

No entanto, essa expansão perdeu força nos últimos dois anos e caiu em 2011 para 2,92%, uma taxa que não preocupa o governo, sobretudo em tempos de crise global.

Apesar dessa desaceleração, que segundo as projeções oficiais se manterá este ano, com um crescimento similar ao de 2011, o Brasil se transformou na sexta economia do mundo e oferece um panorama que encoraja o otimismo no curto e médio prazo.

No horizonte mais próximo estão as obras de infraestrutura necessárias para a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

Além desses eventos esportivos, as reservas do pré-sal, calculadas em 80 bilhões de barris de petróleo, demandarão investimentos da ordem de US$ 230 bilhões nos próximos três anos.

No meio de toda essa dinâmica econômica que fez do Brasil o país da moda para os negócios no mundo, há algumas nuvens que para muitos analistas podem ser o presságio de futuras tempestades.


A indústria brasileira, segundo admite o próprio governo, se estagnou e deve encarar com rapidez um processo de modernização profunda a fim de não perder competitividade nos mercados externos.

Ao mesmo tempo, deve dotar sua produção de maior valor agregado, para não depender de preços de matérias-primas que hoje se mantêm elevados, mas que podem cair no futuro.

No entanto, apesar dessa urgência de modernização industrial, o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu - sem precisar números - que as taxas de investimento do setor privado caíram nos primeiros meses de 2012.

''Temos uma crise externa muito forte que não se resolve'' e ''isso deixa o investidor privado um pouco assustado'', admitiu o ministro.

Por sua parte, os industriais reconhecem o impacto da crise, mas também alegam que as altas cargas impositivas - próximas de 45% - também representam um freio para a atividade econômica.

''Produzir no Brasil é mais caro que nos Estados Unidos, em muitos países da Europa e em nossos vizinhos da América do Sul'', se queixou recentemente o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. 

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