Dilma visitará o enorme canteiro das obras de um novo estaleiro e nova base de operações em construção em Itaguaí, na baia de Sepetiba (Sergio Dutti/Veja)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2011 às 19h06.
Rio de Janeiro - O Brasil começará nesta semana o projeto com o qual pretende construir quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear com tecnologia francesa, previstos em um acordo de cooperação militar assinado em 2009.
O início do projeto está previsto para o próximo sábado em um ato com a presença da presidente Dilma Rousseff, quando será realizado o corte simbólico de uma chapa de aço, informou nesta quinta-feira o comando da Marinha em comunicado.
A cerimônia acontecerá na sede da Nucleobrás Equipamentos Pesados (Nuclep) em Itaguaí, no litoral sul do Rio de Janeiro, onde serão construídos o estaleiro para a montagem dos submarinos, uma unidade de fabricação de estruturas metálicas e a base naval que abrigará as embarcações.
O projeto começará com a construção de uma seção de qualificação, na qual trabalharão inicialmente engenheiros e técnicos capacitados na França com as tecnologias em construção de submarinos.
Segundo a Marinha, o cronograma do acordo bilateral de cooperação prevê a inauguração da unidade de fabricação de estruturas metálicas em novembro de 2012, a conclusão do estaleiro em 2014 e o início de operações da base naval para 2015.
A previsão é que o primeiro dos quatro submarinos convencionais comece a ser testado em 2016 e seja oficialmente entregue à Marinha no ano seguinte. Os outros três submarinos serão entregues em 2021 e o de propulsão nuclear em 2023.
De acordo com a Marinha, o ato de sábado "tem enorme importância simbólica" para o Brasil porque a fabricação dos submarinos convencionais "representa o primeiro passo para a construção do submarino de propulsão nuclear brasileiro".
O acordo de cooperação militar assinado em setembro de 2009 com a França transformará o Brasil no primeiro país da América Latina com um submarino de propulsão nuclear em sua frota e o sétimo do mundo, depois de Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Índia.
O país tem desde 1979 um projeto para desenvolver um submarino desse tipo que avançou pouco por problemas orçamentários e por bloqueios tecnológicos das potências mundiais.
A transferência de tecnologia francesa permitirá ao Brasil construir um submarino nuclear de seis mil toneladas de deslocamento e que poderá operar a profundezas superiores a 100 metros, em uma velocidade máxima de 35 nós (65 km/h).
Já os quatro submarinos convencionais, do modelo Scorpene, terão propulsão diesel-elétrica, um deslocamento de 1,4 mil a 1,8 mil toneladas e operarão em profundezas de 50 metros a uma velocidade máxima de seis nós (11 km/h).
Os submarinos serão construídos pela Itaguaí Construções Navais, uma nova empresa compartilhada pela francesa DCNS e a Odebrecht, na qual a Marinha do Brasil terá uma pequena participação e direito a veto.