Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups
País abriga mais de 50% dos unicórnios da América Latina
Agência de Notícias
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 17h15.
Principal economia da América Latina e líder regional no mercado de capital de risco corporativo (Corporate Venture Capital, CVC), o Brasil adotou a expansão da atividade como estratégia para fortalecer as startups do país, impulsionar o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras e atrair investimentos estrangeiros.
Por essa razão, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos ( ApexBrasil ) tem a consolidação e o crescimento desse mercado como uma de suas políticas prioritárias.
A atividade começou a se desenvolver no país há cerca de uma década, quando grandes corporações passaram a investir, diretamente ou por meio de fundos, em startups com potencial disruptivo.
Enquanto as grandes corporações ajudam essas startups com capital, clientes, desenvolvimento de produtos e serviços, elas buscam, além do retorno financeiro, diversificar suas linhas de negócios e resolver problemas por meio da inovação.
Oportunidades e soluções
Nesse sentido, a gerente de investimentos da ApexBrasil, Helena Brandão, explicou em entrevista à Agência EFE que “as empresas precisam diversificar para sobreviver”, e destacou a diversidade de oportunidades no Brasil, com ênfase para as 'deep techs', que usam a tecnologia para criar soluções de impacto para problemas socioambientais.
“O Brasil é um celeiro de inovação, e não se trata apenas de empresas, mas de soluções. O país abriga mais de 50% dos unicórnios da América Latina, e mais de 60% dos fundos que vêm para a América Latina vêm para o Brasil”, acrescentou.
De acordo com o CEO da Global Corporate Venturing (GVC), James Mawson, em 10 anos o Brasil despontou como uma das 10 potências globais do setor, com 150 CVCs locais e US$ 1 bilhão em investimentos de empresas estrangeiras.
Além disso, um relatório da GVC mostrou um crescimento de 63% de CVCs no Brasil entre janeiro e setembro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
“Comparado a outros países da América Latina, o Brasil é muito maior em termos de tamanho e tipos de recursos naturais. O ecossistema empresarial sei transformou em uma década. O país está impulsionando sua taxa de crescimento do PIB por meio da produtividade e da inovação”, afirmou ele à Agência EFE.
Atração de investimentos
Para divulgar essas oportunidades e fortalecer o mercado de corporate venturing, a ApexBrasil investe desde 2015 no Corporate Venture Brasil, o maior evento do setor na América Latina.
Com foco no networking e na troca de experiências entre representantes de startups, governos e tomadores de decisão de grandes empresas brasileiras e estrangeiras, a 8ª edição do evento reuniu em São Paulo, entre os dias 29 e 30 de outubro deste ano, quase 30 corporações internacionais, que puderam conhecer de perto o ecossistema empresarial brasileiro.
Centenas de startups também apresentaram seus modelos de negócios a potenciais investidores, e todos os participantes tiveram a oportunidade de participar de rodadas de negócios e mesas redondas sobre temas como energia renovável, inteligência artificial, bioeconomia, desenvolvimento tecnológico, entre outros.
Nas últimas sete edições, esse encontro, organizado anualmente pela ApexBrasil e pelo GVC, possibilitou mais de 800 reuniões de negócios e gerou pelo menos US$ 600 milhões em novos investimentos.
Solução financeira para a transição verde
Diante deste potencial, o mercado de capital de risco corporativo pode se posicionar como uma solução financeira para acelerar a transição ecológica em escala global.
De acordo com Mawson, em 2013, o ecossistema global de capital de risco movimentou cerca de US$ 55 bilhões em todo o mundo, número que chegou a US$ 250 bilhões em 2023, com uma participação significativa dos CVCs, que saltaram de US$ 20 bilhões em investimentos em 2013 para US$ 111 milhões em 2023.
O executivo acrescentou que, em geral, cerca de um quarto de todos os negócios globais incluem a participação de grandes corporações, um fato que também reduz o risco de falência de startups.
“Se pensarmos em capital de risco ou capital de risco corporativo, essa atividade tem a ver com identificar o que pode ser o futuro e como investir nele para acelerá-lo e também entender as tendências para que possamos nos beneficiar e fazer parte dessa solução. Portanto, mudança climática, sustentabilidade, eletrificação, tudo faz parte desses desafios”, concluiu.