Economia

Brasil evita lista negra no comércio com os EUA

O Brasil continuou na lista de países "em observação" por violações ao direito de propriedade intelectual, entre os que avançam na solução das falhas


	Indústria: o Brasil internalizou todos os tratados e acordos internacionais sobre propriedade intelectual dos quais é signatário
 (Getty Images)

Indústria: o Brasil internalizou todos os tratados e acordos internacionais sobre propriedade intelectual dos quais é signatário (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2014 às 09h56.

São Paulo - Por empenho do setor industrial, o Brasil contornou seu rebaixamento neste ano para a lista negra de países sujeitos a sanções dos Estados Unidos por violações ao direito de propriedade intelectual. Nessa relação de "prioridade" figuram Rússia, China e Índia, seus sócios no grupo dos Brics.

O último relatório da legislação conhecida como Seção Especial 301, da Representação de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), foi publicado no dia 30. O Brasil continuou na lista de países "em observação", entre os que avançam na solução das falhas.

O risco de o Brasil cair para a lista de prioridade tornou-se real desde o ano passado, quando a aproximação com a Índia em diferentes organismos multilaterais foi confundida pelos técnicos do USTR como comunhão dos países no desrespeito às normas internacionais de defesa de patentes e propriedade intelectual.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) contrataram um escritório de advocacia de Washington, o Steptoe & Johnson, para desfazer esse e outros equívocos.

"Nosso objetivo continua a ser a retirada completa do Brasil da Especial 301", afirmou Diego Bonomo, gerente executivo de Comércio Exterior da CNI.

"Mas, neste ano, a preocupação maior era convencer os EUA de que Brasil e Índia são casos diferentes quando se trata de propriedade intelectual. A permanência do País na lista de observação, nesse sentido, foi uma vitória", completou.

Na Índia, a decisão americana de manter o país na lista de prioridade resultou em pressão para que o governo indiano inicie contencioso contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O relatório da Seção Especial 301 constatou ter a Índia feito "progresso limitado" na melhoria do sistema legal de defesa da propriedade intelectual, considerado "fraco" por Washington. A quebra de patentes de remédios genéricos, porém, é o ponto nevrálgico.

O USTR avaliou estar o Brasil em "trajetória positiva" tanto na política de direitos de propriedade intelectual como na sua aplicação. Mas, como no caso da Índia, criticou a longa espera pela concessão de uma patente pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi).

Também questionou a "falta de transparência e de previsibilidade" dos processos abertos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a revisão de patentes e, com base em parecer da Procuradoria-Geral da República, a própria autoridade desse órgão para exercer tal função.

Segundo Bonomo, por meio do escritório de advocacia americano, a indústria brasileira enfatizou ao USTR que sua agenda nessa área não difere das exigências dos EUA.

O Brasil internalizou todos os tratados e acordos internacionais sobre propriedade intelectual dos quais é signatário e não adota decisões discriminatórias às empresas americanas e de outros países.

Além dos esforços do governo, argumentou Bonomo, a indústria também tem atuado na prevenção de violações a essas normas e quer a diminuição de prazo de concessão de patentes.

No caso da pirataria, um dos pontos negativos citados no relatório do USTR sobre o Brasil, o desafio passa pela vigilância das fronteiras e de portos e aeroportos pela Polícia Federal e Receita Federal.

"Não há indústria de pirataria em larga escala no País. Os artigos pirateados chegam da Ásia e por meio de contrabando", ressaltou Bonomo.

O texto do USTR reconheceu haver esforços de controle do contrabando, mas mencionou a necessidade de maior policiamento, sobretudo na região da Tríplice Fronteira Brasil-Paraguai-Argentina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Brasil-EUAComércioComércio exteriorEstados Unidos (EUA)Países ricosPatentes

Mais de Economia

Salário mínimo 2025: por que o valor será menor com a mudança de regra

Salário mínimo de R$ 1.518 em 2025 depende de sanção de nova regra e de decreto de Lula

COP29 em Baku: Um mapa do caminho para o financiamento da transição energética global

Brasil abre 106.625 postos de trabalho em novembro, 12% a menos que ano passado