Bradesco se proteje da alta do dólar pensando em 2003
O lucro de 2,032 bilhões de reais que o Bradesco divulgou nesta quinta-feira surpreendeu positivamente o mercado financeiro. Apesar da queda de 6,8% em relação ao resultado do ano passado, o banco atravessou a volatilidade do dólar e a brutal retração do crédito em 2002 com seus resultados praticamente intocados. Daniel Araújo, analista responsável pelo […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h23.
O lucro de 2,032 bilhões de reais que o Bradesco divulgou nesta quinta-feira surpreendeu positivamente o mercado financeiro. Apesar da queda de 6,8% em relação ao resultado do ano passado, o banco atravessou a volatilidade do dólar e a brutal retração do crédito em 2002 com seus resultados praticamente intocados.
Daniel Araújo, analista responsável pelo setor financeiro da empresa de classificação de risco americana Standard & Poors, diz os resultados do banco mostram bem o que deverão ser os balanços de 2002. "Deverá ocorrer uma pequena retração em relação aos números do ano passado, mas nada que indique uma grande crise."
Dois dos números do balanço chamaram a atenção dos especialistas que esquadrinharam os números do bancão de Osasco. O primeiro foi a drástica reversão das provisões que o Bradesco fez no terceiro trimestre de 2002 para compensar os efeitos da alta do câmbio. O banco reverteu cerca de 450 milhões de reais de uma provisão para perdas no câmbio que superava 900 milhões de reais. Em português: o Bradesco reduziu o seu ganho contábil com a alta do dólar em 2002 para diminuir a probabilidade de prejuízo em 2003 com uma possível queda da moeda americana. "Essa é uma medida perfeitamente legal e legítima, que visa a uniformizar as rentabilidades do banco ao longo do tempo", diz um analista. Na prática, porém, ela torna os resultados futuros mais dependentes da política de provisões que for adotada pelos executivos da Cidade de Deus.
O segundo fato que chamou a atenção foi a redução dos índices de eficiência operacionais. Esse índice costuma piorar quando um banco compra um concorrente. Durante algum tempo, enquanto as diferentes operações não se fundem, algumas estruturas semelhantes existem em paralelo. Elas elevam os custos e reduzem a margem operacional. Como o Bradesco foi um dos mais vorazes compradores do sistema financeiro durante o exercício de 2002 - comprou o Mercantil de São Paulo, o BancoCidade, o Banco do Estado do Amazonas (BEA), o banco Ford e a empresa de gestão de recursos do Deutsche Bank -, ainda há muitas estruturas duplicadas para fundir. "Unir tantas operações diferentes toma tempo, e o Bradesco deve ter dificuldade para baixar seus custos tão cedo."