Economia

Bolsonaro recua e edita novo decreto sobre IOF após reações negativas

Novo decreto prevê que novos contratos firmados em 2019 só terão impacto financeiro a partir do ano seguinte

Bolsonaro: presidente recebeu reações negativas à sua declaração sobre o aumento do IOF (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: presidente recebeu reações negativas à sua declaração sobre o aumento do IOF (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de janeiro de 2019 às 20h51.

Brasília - A reação negativa a um possível aumento de imposto fez o governo Jair Bolsonaro recuar e buscar outras soluções para garantir a prorrogação de incentivos fiscais para empresas do Norte e Nordeste sem descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Após Bolsonaro afirmar à imprensa que havia assinado decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na manhã desta sexta-feira, 4, integrantes da Receita Federal e da Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil passaram o dia todo tentando encontrar formas de manter os incentivos. Bolsonaro, então, assinou um novo decreto descartando a possibilidade de aumentar a carga tributária e dizendo que os novos contratos firmados em 2019 só terão impacto financeiro a partir do ano seguinte.

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, destacou que a LRF exige que só pode haver concessão de benefício se tiver previsão orçamentária devida e, como em 2019 não vai haver novas concessões, isso cumpriria a lei. "Para o ano de 2019 a previsão que tem de R$ 740 milhões, R$ 750 milhões é suficiente para atender aqueles projetos que foram aprovados ao longo do ano de 2017, 2018 e que estão em fruição. Colocamos isso no decreto e isso cumpre a LRF. Ponto final."

Onyx afirmou que a possibilidade de aumentar imposto foi considerada "inaceitável" pelo ministro da economia, Paulo Guedes, e por parte da equipe por descumprir promessa feita na campanha de reduzir a carga tributária. "Colocamos toda a equipe, que precisa ser elogiada, que encontrou uma solução que dá tranquilidade ao presidente e que não traz nenhum aumento de impostos", destacou Onyx.

No início da tarde, o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, e o subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Jorge Francisco, tiveram uma reunião de emergência com Onyx e Bolsonaro no Palácio do Planalto para tratar do assunto. Em seguida, Cintra falou para a imprensa que não seria necessário aumentar o IOF.

Questionado se a presença de Cintra seria um desprestígio para Guedes, Onyx Lorenzoni negou, disse que ele mesmo convidou o secretário e justificou que isso ocorreu porque o ministro da Economia está no Rio de Janeiro.

Na capital fluminense, Guedes cancelou a agenda que teria com o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Marcelo Barbosa, em meio a notícias sobre mudanças tributárias envolvendo o IOF. O cancelamento foi informado pela assessoria de imprensa. O ministro da Economia não falou com a imprensa nesta sexta e não se manifestou sobre o assunto.

Em coletiva de imprensa, pela manhã, Bolsonaro também falou que seria anunciada redução da alíquota do Imposto de Renda de 27,5% para 25%, ideia que teria sido apresentada por Guedes, o que foi negado por Onyx. "A redução do Imposto de Renda é fruto de estudo, mas depende de equilíbrio fiscal", disse. O ministro da Casa Civil também afirmou que não se pode neste momento fazer nenhuma ação que resulte em redução de arrecadação.

Acompanhe tudo sobre:Imposto de Renda 2020IOFJair Bolsonaro

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor