Considerando somente as 118 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 6,00% para 5,75% (José Cruz/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 22 de maio de 2023 às 09h13.
Última atualização em 22 de maio de 2023 às 09h48.
Sob o efeito da redução de combustíveis e do alívio em preços de commodities, a projeção para a inflação de 2023 tombou no Boletim Focus desta semana, enquanto a estimativa para 2024, foco da política monetária, continuou sua trajetória de leve queda.
A expectativa para o IPCA, índice de inflação oficial, deste ano na Focus cedeu de 6,03% para 5,80%. Um mês antes, a mediana era de 6,04%. Para 2024, a projeção mostrou redução pela terceira semana seguida, de 4,15% para 4,13%, contra 4,18% de quatro semanas atrás.
Considerando somente as 118 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 6,00% para 5,75%. Para 2024, por sua vez, a projeção subiu de 4,12% para 4,14%, considerando 114 atualizações no período.
Apesar da queda forte nesta semana, a mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está cerca de 1 ponto porcentual acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.
A mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás. A estimativa para o IPCA de 2026 também continuou em 4,00%, mesmo porcentual de um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC manteve suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 2,9% para 2024.
Após a Petrobras reduzir os preços de combustíveis na semana passada, os economistas do mercado financeiro baixaram a projeção para a alta do IPCA no curto prazo no Boletim Focus. A mediana para maio passou de 0,45% para 0,43%, de 0,41% há um mês.
Para o IPCA de junho, a estimativa cedeu de 0,50% para 0,34%, contra a mediana de 0,52% um mês antes. Para julho, a previsão para o indicador variou de 0,37% para 0,36%, de 0,37% há quatro semanas.
Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu de 4,99% para 4,77%, de 5,26% há um mês.
O cenário esperado para o câmbio brasileiro em 2023 mostrou valorização de uma semana para a outra no Relatório de Mercado Focus. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 5,20 para R$ 5,15, de R$ 5,20 há um mês. Para 2024, a mediana permaneceu em R$ 5,20, contra R$ 5,25 quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central (BC) espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
A expectativa para a taxa básica de juros no fim de deste ano continuou estável no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira 22. No início do mês, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela sexta reunião seguida.
A mediana para os juros básicos no fim de 2023 seguiu em 12,50% ao ano pela quinta semana consecutiva. Para o término de 2024, a expectativa também continuou em 10,00% pela 14ª vez. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem.
Considerando apenas as 93 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 também permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, seguiu em 10,00%, com 89 atualizações na última semana.
Na terceira reunião do Copom no novo governo Lula, o colegiado afirmou que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu parte da incerteza, mas que a conjuntura é marcada por um processo de desinflação que tende a ser lento em meio às expectativas de inflação desancoradas. Segundo o colegiado, esse contexto demanda maior atenção na condução da política monetária.
O BC ainda repetiu que vai continuar vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação à meta. Mas acrescentou que o cenário de retomada da alta de juros é menos provável, embora garanta que não hesitará em tomar esse caminho caso o processo de desinflação não ocorra como o esperado.
Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9 00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que se manteve em 8,75%, repetindo o porcentual esperado há um mês.
Embalado pelo forte resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) no primeiro trimestre, o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, mostrou melhora considerável no cenário de crescimento econômico para este ano.
A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 subiu de 1,02% para 1,20%, contra 0,96% há um mês. Já considerando apenas as 69 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 avançou de 1,00% para 1 24%.
Por outro lado, para 2024, o Relatório Focus mostrou queda na estimativa de crescimento do PIB, de 1,38% para 1,30%, contra 1 41% de um mês atrás. Considerando apenas as 62 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 cedeu de 1,27% para 1,24%.
Em relação a 2025, a mediana se manteve em 1,70%, mesma taxa de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que continuou em 1,80%, repetindo o porcentual esperado há um mês.
O Banco Central elevou sua estimativa para o crescimento do PIB deste ano de 1,0% para 1,2% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março. Já a estimativa oficial do Ministério da Fazenda é de 1,61%, mas o ministro Fernando Haddad já adiantou que a previsão deve ser elevada para 1,90%.
A projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023 subiu de 60,70% para 61,00% no Boletim Focus desta semana, mesma previsão de um mês antes.
Já a projeção para o déficit primário em 2023 continuou em 1,00% do Produto Interno Bruto, repetindo a taxa de quatro semanas atrás. Para o déficit nominal este ano, a mediana também permaneceu em 7,80%, mesmo porcentual encontrado há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Para 2024, a projeção para a dívida líquida subiu de 64,20% para 64,70% do PIB, contra 64,00% de quatro semanas antes. O déficit primário esperado para 2024, por sua vez, passou de 0,80% para 0 70% do PIB, ainda distante da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). Já o déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7,00% do PIB, nessa ordem.
Déficit em c/c
Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 47,30 bilhões para US$ 47,06 bilhões, ante US$ 48,55 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit subiu de US$ 52,50 bilhões para US$ 53,05 bilhões, de US$ 52,50 bilhões há quatro semanas.
Para o superávit da balança comercial em 2023, a projeção continuou em US$ 60,00 bilhões, contra US$ 57,70 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária recuou de US$ 54,80 bilhões para US$ 54,60 bilhões, de US$ 52,30 bilhões há quatro semanas.
Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões, repetindo a mediana de um mês antes.