Economia

Bitcoin vai mudar a economia mundial?

O economista Fernando Ulrich falou com a VOCÊ S/A sobre o potencial de inovação da moeda virtual

Mão segura uma bitcoin (Getty Images)

Mão segura uma bitcoin (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2014 às 06h00.

São Paulo - O economista Fernando Ulrich, de Porto Alegre, descobriu no ano passado o Bitcoin, moeda que circula apenas online, sem a regulação de um banco central.

Cético, em um primeiro momento, Fernando estudou sobre o assunto, virou um defensor da criptomoeda e publicou, em março, o livro Bitcoin – a moeda na era digital. Fernando conversou com a VOCÊ S/A, no mês passado, e conta o que aprendeu sobre o Bitcoin. Para sabe mais sobre a moeda virtual que conquista cada vez mais consumidores, leia a reportagem Crédito, débito ou bitcoin? na VOCÊ S/A de abril.

VOCÊ S/A - O senhor se considera um advogado da causa?

Fernando Ulrich - Independente de ser advogado ou não da causa, estamos falando de uma revolução tecnológica sem precedentes. A criptomoeda é uma resposta do mercado à nossa situação monetária, completamente estatizada.

Se você analisa o mercado, você entende de onde vem o dinheiro, mas a apropriação do dinheiro pelo estado não tem nada a ver com a origem do dinheiro. Pela primeira vez, existe uma alternativa real a essa apropriação.

VOCÊ S/A- Bitcoin é um investimento?

Fernando Ulrich - Do ponto de vista econômico, é um investimento que se assemelha ao ouro. O bitcoin não dá nenhum rendimento. Mas é algo muito recente. Tem pouco mais de cinco anos.

E é importante dizer que não é perfeitamente seguro. Ainda é de alto risco porque o comportamento da moeda é muito instável. Ninguém deve colocar uma parcela significativa do seu rendimento em bitcoin. A confiança na moeda requer tempo. Ao decorrer dos anos, ela vai ganhar essa confiança.


VOCÊ S/A - Então quais são as vantagens da moeda?

Fernando Ulrich - Como ele está em uma rede descentralizada, governo nenhum tem como confiscar a sua carteira. Ninguém pode proibi-lo de enviar ou usar bitcoins como você quiser.

Ele também não pode ser inflacionado por ninguém – nem pelo governo. O bitcoin também está servindo como um estímulo à inovação financeira. As pessoas não precisam da permissão de ninguém para movimentar o próprio dinheiro. Enviar para pessoas em qualquer lugar do mundo, sem precisar pagar as taxas exorbitantes cobradas pelos bancos.

VOCÊ S/A - Esse teor anárquico da moeda não faz com que ela seja usada também em transações ilegais?

Fernando Ulrich - Sim, mas hoje em dia, a esmagadora parte das transações ilegais se dá através de dinheiro físico porque ele é a maneira mais difícil de ser rastreada.

É bem possível que existam pessoas usando bitcoin para transações ilegais, toda transação com bitcoin deixa rastros. É possível saber, pelo sistema, quando e quanto dinheiro foi enviado para cada conta. O bitcoin é uma tecnologia como qualquer outra. Os bancos que estão incomodados. E devem ficar mesmo.

VOCÊ S/A - Por quê?

Fernando Ulrich - Porque com os bitcoins, as pessoas não dependem de nenhuma entidade terceirizada. Ele é muito mais rápido e mais barato. Os comerciantes vão economizar milhares de dólares com as taxas cobradas dos cartões de crédito.

O comércio online entre países vai ficar mais barato, sem as taxas de conversão de real para dólar, por exemplo. As remessas para imigrantes, que hoje são providas por algumas poucas instituições, que cobram taxas de até 10%, vão ficar muito mais baratas. Se os bancos não correrem atrás, vão ficar no prejuízo. 

Acompanhe tudo sobre:Bitcoine-commerceImigração

Mais de Economia

Brasil exporta 31 mil toneladas de biscoitos no 1º semestre de 2024

Corte anunciado por Haddad é suficiente para cumprir meta fiscal? Economistas avaliam

Qual é a diferença entre bloqueio e contingenciamento de recursos do Orçamento? Entenda

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Mais na Exame