Biden também falou sobre sua admiração com a "sensibilidade social" da presidente brasileira, de quem disse que "tem visão de raios laser" para descobrir as questões que interessam ao povo brasileiro, as mesmas dos americanos (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2013 às 18h06.
Brasília - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, terminou nesta sexta-feira sua viagem pela América Latina no Brasil, onde foi recebido pela presidente Dilma Rousseff, e enfatizou que ambos os países devem manter uma "nova relação" baseada em seus "valores democráticos" e no comércio.
"Espero que o ano de 2013 marque o início de uma nova era nas relações" entre Estados Unidos e Brasil, declarou Biden em Brasília junto ao vice-presidente Michel Temer, com quem teve uma reunião de trabalho após sua reunião em privado com Dilma.
"Essa nova relação deve se apoiar em valores compartilhados, como a democracia, as liberdades e o potencial econômico e comercial de dois países que representam atualmente a primeira e a sétima maior economia do mundo", afirmou Biden.
O vice-presidente dos EUA assegurou que o comércio entre ambos os países rondou os US$ 100 bilhões em 2012, mas sustentou que é possível multiplicar esse número três ou quatro vezes a médio prazo, dado o "imenso potencial" e as novas áreas de negócios que existem.
Biden não o mencionou diretamente, mas um aumento do comércio com o Brasil lhe devolveria a condição de maior parceiro comercial do país, do qual os EUA foi deslocado nos últimos dois anos pela China.
Nesse campo de cooperação comercial, Biden ressaltou as novas oportunidades que o Brasil oferece na área de energia com o pré-sal, um depósito de gás e petróleo descoberto em águas profundas do Atlântico que "abre espaços" para uma maior relação.
Em troca, ofereceu o conhecimento que os EUA começaram a desenvolver na exploração de gás de xisto, no que o Brasil expressou um interesse particular.
Biden avaliou especialmente alguns dos aspectos dos quais o Governo brasileiro mais se orgulha, como o combate à pobreza, a projeção internacional e a força econômica, e aproveitou para deixar uma mensagem em favor dos valores democráticos que ambos os países compartilham.
"O Brasil não é mais um país emergente. O Brasil já emergiu e demonstrou que não se deve escolher entre democracia e desenvolvimento, que se pode ter desenvolvimento em democracia e que a democracia é também o melhor caminho rumo ao desenvolvimento", afirmou.
Biden também falou sobre sua admiração com a "sensibilidade social" da presidente brasileira, de quem disse que "tem visão de raios laser" para descobrir as questões que interessam ao povo brasileiro, que são as mesmas que interessam aos americanos.
Biden explicou que seu encontro com Dilma serviu para começar a preparar a agenda que ela discutirá com o presidente Barack Obama, que a receberá em outubro em Washington com honras de Estado.
Essa "ampla agenda", segundo Biden, incluirá o comércio bilateral, o combate ao protecionismo, a cooperação em energia, defesa e educação, a luta contra a violência de gênero e outros assuntos nos quais "Brasil e Estados Unidos podem se ajudar", "aprender um com o outro" e colaborar inclusive com outros países.
Temer rebateu a opinião de certos setores políticos que consideram que o Brasil minimizou seus vínculos com os EUA, ao apostar em uma relação mais estreita com os países do chamado eixo sul-sul.
"O Brasil tem agora uma relação muito próxima com seus vizinhos da América do Sul e com países da África e Ásia, mas isso não nos desviou de manter uma relação acentuada com os Estados Unidos", declarou.
Temer também mencionou o "intenso comércio" entre EUA e Brasil, assim como a estreita atuação conjunta em diferentes cenários globais e a cooperação com outros países, entre eles Haiti, para afirmar que o vínculo entre ambos sempre "foi estreito" e manifestar seu desejo de que o seja ainda mais.
A escala em Brasília foi a última da viagem que Biden fez esta semana, que incluiu visitas a Colômbia e Trinidad e Tobago, no marco de um esforço dos EUA por estreitar seus vínculos com os países da América Latina e do Caribe.