Economia

BC vê piora nas perspectivas para inflação

Brasília/São Paulo - O Banco Central elevou nesta quarta-feira a projeção para a inflação deste ano e em 2011, reforçando a perspectiva de aumento do juro básico na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril. No Relatório de Inflação do primeiro trimestre, o BC observou que a aceleração recente dos índices de […]

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2010 às 19h57.

Brasília/São Paulo - O Banco Central elevou nesta quarta-feira a projeção para a inflação deste ano e em 2011, reforçando a perspectiva de aumento do juro básico na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril.

No Relatório de Inflação do primeiro trimestre, o BC observou que a aceleração recente dos índices de preços ao consumidor mostrou-se mais difusa, refletindo pressões de demanda.

A inflação no início do ano é afetada por fatores sazonais e também "por uma demanda que cresce a um ritmo maior do que a oferta pode atender", disse o novo diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, ao apresentar o documento. Ele substituiu Mario Mesquita, que deixou o BC nesta manhã.

Segundo Hamilton, a demanda está "bem mais aquecida do que imaginávamos".

O diretor também destacou que, em janeiro, a porcentagem de itens que sofreram aumento de preços ficou acima de 60 por cento pelo terceiro mês. "Um índice de difusão acima de 60 por cento definitivamente não está na zona de conforto."

No relatório, a estimativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano passou para 5,2 por cento, ante previsão de 4,6 por cento no documento anterior.

O BC vê a inflação acumulada em 12 meses acima do centro da meta no primeiro trimestre de 2010, se mantendo "sensivelmente acima da meta ao longo de 2010, retornando a níveis mais baixos apenas em 2011".

Para o próximo ano, a projeção é de 4,9 por cento, no cenário de referência, ante estimativa anterior de 4,6 por cento. Já no cenário de mercado, a projeção para o ano que vem é de 4,4 por cento.

A meta de inflação dos dois anos tem centro em 4,5 por cento e tolerância de 2 pontos percentuais.

AJUSTE DA SELIC

No relatório, o BC diz que "caberá à política monetária atuar na intensidade e ritmo adequados para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".

O diretor frisou que o BC continuará fazendo "o que for necessário" para manter a inflação na meta, mas disse que o Copom considerou que um aumento da Selic em março traria custos à "credibilidade da comunicação do banco". Segundo Hamilton, uma mudança na Selic na reunião deste mês iria contrariar o que havia sido sinalizado pela autoridade monetária.

O Relatório de Inflação explicitou que, ainda em dezembro, o Copom avaliou que a crise global estava sendo superada e que era necessária uma estratégia de retirada dos estímulos monetários, que deveria ser implementada "ao longo dos meses iniciais" de 2010.

Na reunião de março, "alguns membros do comitê, entendendo que as projeções de inflação e o balanço de riscos considerado justificariam o ínicio de um ajuste na Selic já naquele momento, defenderam que a implementação do cronograma original deveria ser antecipada e, assim, votaram por uma elevação imediata de 0,50 ponto na taxa básica", acrescentou o texto.

"Entretanto, a maioria entendeu ser mais prudente manter a programação original. Essa parcela do colegiado ponderou que as projeções de inflação para 2011, segundo o cenário de mercado, posicionavam-se, e a rigor ainda se posicionam, abaixo da meta."

ATIVIDADE

O BC observou ainda que a variação dos índices gerais de preços apresentou expressiva aceleração no trimestre até fevereiro, "movimento que, traduzindo a trajetória dos preços industriais por atacado, deverá exercer pressão adicional sobre preços ao consumidor nos próximos meses".

A instituição estima que o IPCA no curto prazo estará pressionado pela disseminação de altas em bens e serviços não comercializáveis, carregamento de aumentos recentes no atacado e impacto da recuperação mundial sobre as commodities, "em ambiente de utilização intensa dos fatores de produção".

De acordo com o relatório mais recente, o BC espera crescimento de 5,8 por cento da economia brasileira em 2010, igual ao prognóstico do documento de dezembro.

"A retomada da atividade econômica brasileira, mais consistente e acentuada do que a observada em âmbito mundial, foi ratificada pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) registrado no último trimestre de 2009."

Na visão do BC, esse resultado torna-se mais relevante na medida em que refletiu, em grande parte, o crescimento expressivo assinalado nos gastos com investimentos. O BC espera que essa trajetória seja favorecida nos próximos meses.

O cenário de referência contemplado pelo BC pressupõe manutenção da taxa de câmbio constante no horizonte de previsão em 1,80 real por dólar e Selic em 8,75 por cento ao ano.

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