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BC muda comunicado e deixa em aberto próximo passo

Banco Central decidiu por unanimidade elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 10 por cento ao ano

Reunião do Copom: comunicado afirma que a decisão dá "prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros (Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2013 às 20h52.

Brasília  - O Comitê de Política Monetária ( Copom ) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 10 por cento ao ano, mantendo o ritmo de aperto monetário, mas, ao alterar o seu comunicado, deixou em aberto seus próximos passos.

Em comunicado lacônico, o Copom disse que a decisão unânime dá "prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013", alterando o texto que utilizou nas últimas quatro reuniões, quando também elevou a Selic em 0,5 ponto percentual.

Para alguns especialistas, a mudança pode indicar que o Banco Central poderá se pautar daqui para frente mais pelo comportamento da atividade econômica ao determinar a Selic, que voltou a patamar de dois dígitos depois de quase dois anos.

"Ele (Copom) tirou do comunicado uma parte em que dá peso à inflação. Então... o que ele está sugerindo é que está dando menos peso para a inflação e mais peso para a atividade. Se for esse o caso, aumenta a chance de haver um ritmo mais lento de aumento dos juros", afirmou o economista-chefe da Mauá Sekular, Alessandro del Drago.

Nos encontros anteriores, o Copom afirmou que a "decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".

"O fato de terem alterado o comunicado sinaliza que eles não estão certos de que o processo irá continuar com uma nova alta de 0,50 ponto percentual. Eles deixaram isso em aberto, que podem manter o ritmo ou reduzi-lo para 0,25 ponto percentual na próxima reunião", disse o economista da Saga Capital Gustavo Mendonça.

Os especialistas esperam que a ata da reunião, que será divulgada na próxima semana, traga sinais mais consistentes da visão da autoridade monetária sobre a economia.


A elevação da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que 60 de 62 analistas previam alta de 0,50 ponto percentual na reunião desta semana.

Dois Dígitos Por Muito Tempo

A última vez que a Selic esteve em dois dígitos foi em janeiro de 2012 (10,50 por cento), quando foi iniciado um processo de afrouxo monetário, que acabou levando a taxa à mínima histórica de 7,25 por cento ao ano.

A expectativa agora é de que os juros não voltem tão cedo ao patamar de um dígito. Segundo pesquisa Reuters, a Selic deve subir a 10,50 por cento em 2014 e a 11 por cento até o final de 2015. O próximo encontro do Copom está marcado para os dias 14 e 15 de janeiro.

Com a inflação em alta, mesmo com a economia dando sinais de fraqueza, em abril passado o Copom começou o atual ciclo de aperto que, com a decisão de agora, elevou a taxa de juros seis vezes seguidas, somando 2,75 pontos percentuais.

A meta de inflação do BC medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O índice deve ficar acima de 5 por cento pelo menos até o fim de 2017, de acordo com a expectativa de 100 instituições financeiras consultadas pelo BC em sua pesquisa Focus.

"Não acho que dá para a gente ler que o BC está cravando uma decisão de continuar elevando (a Selic) nesse mesmo ritmo. Também não acho que o comunicado indique que ele está prestes a encerrar o ciclo porque o comunicado é mais lacônico. Então, ele indicou que ficou mais dependente de dados econômicos", comentou o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawal.

Na próxima semana será divulgado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que deve mostrar contração sobre o trimestre anterior e dará sinais sobre como a atividade está se comportando.

Atualizado às 21h51min de 27/11/2013, para adicionar mais informações.

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Em comunicado lacônico, o Copom disse que a decisão unânime dá "prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013", alterando o texto que utilizou nas últimas quatro reuniões, quando também elevou a Selic em 0,5 ponto percentual.

Para alguns especialistas, a mudança pode indicar que o Banco Central poderá se pautar daqui para frente mais pelo comportamento da atividade econômica ao determinar a Selic, que voltou a patamar de dois dígitos depois de quase dois anos.

"Ele (Copom) tirou do comunicado uma parte em que dá peso à inflação. Então... o que ele está sugerindo é que está dando menos peso para a inflação e mais peso para a atividade. Se for esse o caso, aumenta a chance de haver um ritmo mais lento de aumento dos juros", afirmou o economista-chefe da Mauá Sekular, Alessandro del Drago.

Nos encontros anteriores, o Copom afirmou que a "decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".

"O fato de terem alterado o comunicado sinaliza que eles não estão certos de que o processo irá continuar com uma nova alta de 0,50 ponto percentual. Eles deixaram isso em aberto, que podem manter o ritmo ou reduzi-lo para 0,25 ponto percentual na próxima reunião", disse o economista da Saga Capital Gustavo Mendonça.

Os especialistas esperam que a ata da reunião, que será divulgada na próxima semana, traga sinais mais consistentes da visão da autoridade monetária sobre a economia.


A elevação da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que 60 de 62 analistas previam alta de 0,50 ponto percentual na reunião desta semana.

Dois Dígitos Por Muito Tempo

A última vez que a Selic esteve em dois dígitos foi em janeiro de 2012 (10,50 por cento), quando foi iniciado um processo de afrouxo monetário, que acabou levando a taxa à mínima histórica de 7,25 por cento ao ano.

A expectativa agora é de que os juros não voltem tão cedo ao patamar de um dígito. Segundo pesquisa Reuters, a Selic deve subir a 10,50 por cento em 2014 e a 11 por cento até o final de 2015. O próximo encontro do Copom está marcado para os dias 14 e 15 de janeiro.

Com a inflação em alta, mesmo com a economia dando sinais de fraqueza, em abril passado o Copom começou o atual ciclo de aperto que, com a decisão de agora, elevou a taxa de juros seis vezes seguidas, somando 2,75 pontos percentuais.

A meta de inflação do BC medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O índice deve ficar acima de 5 por cento pelo menos até o fim de 2017, de acordo com a expectativa de 100 instituições financeiras consultadas pelo BC em sua pesquisa Focus.

"Não acho que dá para a gente ler que o BC está cravando uma decisão de continuar elevando (a Selic) nesse mesmo ritmo. Também não acho que o comunicado indique que ele está prestes a encerrar o ciclo porque o comunicado é mais lacônico. Então, ele indicou que ficou mais dependente de dados econômicos", comentou o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawal.

Na próxima semana será divulgado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que deve mostrar contração sobre o trimestre anterior e dará sinais sobre como a atividade está se comportando.

Atualizado às 21h51min de 27/11/2013, para adicionar mais informações.

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