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Bate-papo de peso

A globalização e seus descontentes dominaram as discussões do 32o Fórum Econômico Mundial. Realizado pela primeira vez em Nova York, entre 31 de janeiro e 4 de fevereiro, o evento, tradicionalmente sediado em Davos, nos Alpes suíços, foi o maior e mais impactante de sua história. Durante cinco dias, um exército de 2,7 mil dos […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.

A globalização e seus descontentes dominaram as discussões do 32o Fórum Econômico Mundial. Realizado pela primeira vez em Nova York, entre 31 de janeiro e 4 de fevereiro, o evento, tradicionalmente sediado em Davos, nos Alpes suíços, foi o maior e mais impactante de sua história. Durante cinco dias, um exército de 2,7 mil dos mais ricos, poderosos, talentosos e influentes líderes do planeta cumpriram uma maratona de debates, conferências, reuniões secretas e festas, tendo o hotel Waldorf Astoria como endereço principal. Ostentando estrelas como Bill Gates, o economista Paul Krugman, a rainha Rana, da Jordânia, e o cantor Bono, do grupo de rock U2, o fórum fez manchetes em todo o mundo. Em média, cada participante pagou 25 mil dólares para discutir o futuro do planeta. Do lado de fora, perto de 4 mil policiais guardavam o hotel e a região central de Manhattan. Mas a calma prevaleceu entre os cerca de 7 mil manifestantes.

Criado e dirigido desde 1971 pelo professor de administração suíço Klaus Schwab, o evento, promovido por uma fundação apartidária e sem fins lucrativos, tem se tornado mais amplo ao longo dos anos. Se por um lado é verdade que tudo o que se tratou terá um caráter apenas consultivo para governos, empresas, universidades e ONGs, por outro é de esperar que, dado o volume e a densidade da massa crítica reunida no Waldorf Astoria, as conclusões teóricas avancem para a prática. "Tenho certeza de que o que se diz aqui será ouvido de Washington a Pequim", disse Fred Bergsten, diretor do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais de Washington. E o que se disse?

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  • Entre as medidas receitadas para aliviar as dores dos países em dificuldade, figurou o perdão da dívida externa de nações africanas e andinas. Enfiando a mão no próprio bolso, Bill Gates afirmou que a fundação que leva seu nome e o de sua mulher, Melinda, está investindo 50 milhões de dólares no combate à Aids em países pobres.
  • As agruras econômicas da Argentina também mereceram destaque. O fórum recomendou que o Fundo Monetário Internacional ampare o país em sua aguda crise econômica. "A Argentina tomou o rumo certo e precisa agora do apoio do Fundo", disse o presidente do BC brasileiro, Armínio Fraga. Menos simpático aos argentinos, o vice-presidente do Citigroup e ex-vice-diretor do FMI, Stanley Fischer, afirmou que o apoio da comunidade financeira internacional deve ser condicionado a um plano coerente do presidente Eduardo Duhalde. No momento, o Citigroup amarga um calote argentino da ordem de 700 milhões de dólares.
  • O Brasil entrou em cena nos debates sobre juros e protecionismo. No caso dos juros, o governo FHC foi alvo de uma grosseria do secretário do Tesouro americano, Paul O'Neill, para quem as taxas brasileiras são altas em razão da corrupção. Armínio Fraga retrucou que os juros altos são um remédio amargo, mas necessário para conter a inflação. No quesito comércio, Brasília ganhou o apoio público de dois pesos-pesados. Um foi Horst Köhler, diretor-geral do FMI, que criticou os subsídios americanos ao aço e aos produtos têxteis. O outro foi Mike Moore, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, que atacou os subsídios de 360 milhões de dólares por ano da Europa à sua agricultura.

    O FÓRUM ECONÔMICO

  • ESTRELAS: Gerhard Schröder (chefe de governo alemão); Bill Clinton (ex-presidente dos EUA); Colin Powell (secretário de Estado dos EUA); Bill Gates (presidente da Microsoft); Kofi Annan (secretário-geral da ONU)
    E TAMBÉM: Bono Vox (roqueiro); Paulo Coelho (mago-escritor)
    MANIFESTANTES: 7 mil pessoas
    POLICIAIS: 4 mil
    TEMPERATURA: de -3 a 10 graus

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