Economia

Contribuinte teria dificuldade para reaver IPTU, diz Barbosa

Para que fosse convencido da urgência da decisão, o presidente do STF afirmou que o Poder Executivo municipal deveria demonstrar a necessidade dos recursos

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 16h19.

Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou nesta sexta-feira, 20, na decisão que negou o pedido da Prefeitura de São Paulo para suspender a liminar que impede o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na capital paulista, que, se autorizasse a cobrança imediata e depois o acréscimo fosse considerado inconstitucional, o contribuinte teria dificuldades para reaver o dinheiro.

"Na eventualidade de ser cassada a liminar, o município deverá cobrar o tributo, por dever de ofício e com autoexecutoriedade típica de todo e qualquer ato administrativo", disse.

"Contudo, uma vez recolhido o valor do tributo, sua restituição é demorada e custosa, no melhor dos mundos possíveis, consideradas as vicissitudes bastante conhecidas do precatório", acrescentou.

Além disso, Barbosa afirmou que o pedido feito pela Prefeitura da capital, inicialmente, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e depois ao STF é invasivo e atravessa o curso normal do processo. Na decisão, ele afirma que a Prefeitura paulistana deve aguardar o julgamento definitivo pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).

"Por atravessar o curso normal do processo perante os demais órgãos jurisdicionais, dotados de extensa competência e legitimidade para conhecer com amplitude os fatos e os direitos alegados, o uso indiscriminado das contracautelas excepcionalíssimas leva ao desprestígio da função jurisdicional", disse.

No recurso em favor do aumento do IPTU, a Prefeitura argumentou que, sem a receita, fica comprometida a melhoria da oferta de serviços de Saúde, a construção de escolas, o pagamento de precatórios, a manutenção de ruas e praças e a instalação de corredores para ônibus. A administração municipal argumentou ainda que a decisão do TJSP viola a separação de Poderes.

Barbosa rejeitou os argumentos. "No caso em exame, não se questiona o propósito e a importância dos projetos e das ações que seriam beneficiadas pela arrecadação proveniente do tributo cuja exigibilidade está suspensa em caráter geral", disse.

Para que fosse convencido da urgência da decisão, o presidente do STF afirmou que o Poder Executivo municipal deveria demonstrar a necessidade dos recursos.

"(...) para que se possa afirmar que os recursos provenientes do aumento do tributo seriam absolutamente imprescindíveis, seria necessário analisar toda a matriz de receitas e de despesas do ente federado, bem como seus recursos disponíveis ('em caixa'), contextualizados ao longo do tempo necessário para que o TJSP ultime o julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade (Adins)", afirmou.

"Sem o registro documental de que inexistem despesas opcionais, eventual suspensão significaria o reconhecimento de que o Poder Público poderia deixar de cumprir obrigações constitucionais e legais segundo simples juízos de conveniência e oportunidade", acrescentou.

Com a decisão de Barbosa, o Executivo municipal anunciou que enviará os boletos do IPTU 2014 com a correção inflacionária de cerca de 5,6% para todos os contribuintes.

"Caso a lei não tivesse sido suspensa pela liminar, o reajuste do IPTU seria diferenciado por tipo de imóvel (residencial em média 10,7% e comercial em média 31,4%) e por localização (por exemplo, os distritos do Parque do Carmo e do Campo Limpo teriam reduções médias de 12,1% e 2,7%, respectivamente), o que beneficiaria a população mais pobre da cidade", afirmou o Palácio do Anhangabaú, em nota.

Acompanhe tudo sobre:ImpostosIPTUJoaquim BarbosaLeãoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Economia

Contas externas têm saldo negativo de US$ 3,1 bilhões em novembro

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025