Austeridade após crise pode aumentar desigualdade, diz ONG
Receita de corte de gastos do Estado, de investimentos e despesas sociais pode aumentar a desigualdade, diz Oxfam
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2013 às 08h55.
Lisboa – A receita de corte de gastos do Estado, de investimentos e despesas sociais, pode aumentar a desigualdade entre ricos e pobres na Europa . O alerta é da organização não governamental (ONG) Oxfam, que tem escritório em diversos países, inclusive no Brasil.
A ONG divulga hoje (12) estudo que mostra os riscos sociais causados por políticas de austeridade econômica em implementação em diversos países europeus após a crise financeira internacional (2008).
Segundo a Oxfan, o número de pessoas pobres na União Europeia (UE) pode chegar a até 145 milhões em 2025. Nos cálculos da organização, em 2011 o número de pessoas pobres já somava 120 milhões nos 27 países da UE (antes do ingresso da Croácia nesse ano), total equivalente à população brasileira em quatro regiões (Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste).
Para a ONG, as políticas de ajustamento em países como Portugal, a Grécia, Irlanda, o Chipre (sob intervenção de credores externos) e a Espanha (com grande número de desempregados) podem agravar o empobrecimento e gerar situações semelhantes ao que ocorreu com o Brasil e outros países do terceiro mundo nas décadas de 1980 e 1990.
“Os países dessas zonas [América Latina, Africa Subsaariana e o Leste Asiático] receberam resgates financeiros do FMI [Fundo Monetário Internacional] e do Banco Mundial e tiveram que adotar uma série de medidas que incluíam corte de gasto público, nacionalização de dívida privada, redução de salários e um modelo de gestão da dívida [pública] que dá prioridade ao pagamento aos bancos comerciais acima das medidas de recuperação social e econômica”, diz o estudo. O texto destaca que os planos de ajuste econômico do passado “foram um fracasso: um tratamento que pretendia curar a enfermidade matando o paciente”.
De acordo com o estudo, há sinais preocupantes para os europeus. Entre 2008 e 2010, foram gastos 200 milhões de euros com medidas de estímulo econômico na União Europeia e 4,5 bilhões de euros com ajuda ao sistema financeiro. Na análise da ONG, essas medidas acabam por favorecer a concentração de renda. Assim, em 2011, os 10% mais pobres dos europeus totalizavam 3% da renda disponível, enquanto os 10% mais ricos somavam uma proporção oito vezes maior (24%).
Além dos efeitos negativos na distribuição de renda, a política restrita de procurar equilíbrio fiscal, cortando gastos sociais e investimento para que os países voltem a ter capacidade de livre negociação de títulos do tesouro nacional no mercado financeiro, acaba por ter efeito reverso e aumentar o peso da dívida pública no total da riqueza gerada.
Conforme a Oxfan, a dívida pública na União Europeia passou dos 60% do Produto Interno Bruto ( PIB ) no primeiro trimestre de 2008 para mais de 80% no mesmo período de 2013. O efeito foi observado individualmente em diversos países como a Espanha, França, Irlanda, Itália, Portugal e o Reino Unido.
No Brasil, a dívida pública equivale a 41% do PIB (dado do Banco Central), mas a concentração de renda é maior. “Os 20% mais ricos ainda detêm 57,7% do rendimento, em contrapartida a pouco mais de 11% dos 40% mais pobres”, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Lisboa – A receita de corte de gastos do Estado, de investimentos e despesas sociais, pode aumentar a desigualdade entre ricos e pobres na Europa . O alerta é da organização não governamental (ONG) Oxfam, que tem escritório em diversos países, inclusive no Brasil.
A ONG divulga hoje (12) estudo que mostra os riscos sociais causados por políticas de austeridade econômica em implementação em diversos países europeus após a crise financeira internacional (2008).
Segundo a Oxfan, o número de pessoas pobres na União Europeia (UE) pode chegar a até 145 milhões em 2025. Nos cálculos da organização, em 2011 o número de pessoas pobres já somava 120 milhões nos 27 países da UE (antes do ingresso da Croácia nesse ano), total equivalente à população brasileira em quatro regiões (Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste).
Para a ONG, as políticas de ajustamento em países como Portugal, a Grécia, Irlanda, o Chipre (sob intervenção de credores externos) e a Espanha (com grande número de desempregados) podem agravar o empobrecimento e gerar situações semelhantes ao que ocorreu com o Brasil e outros países do terceiro mundo nas décadas de 1980 e 1990.
“Os países dessas zonas [América Latina, Africa Subsaariana e o Leste Asiático] receberam resgates financeiros do FMI [Fundo Monetário Internacional] e do Banco Mundial e tiveram que adotar uma série de medidas que incluíam corte de gasto público, nacionalização de dívida privada, redução de salários e um modelo de gestão da dívida [pública] que dá prioridade ao pagamento aos bancos comerciais acima das medidas de recuperação social e econômica”, diz o estudo. O texto destaca que os planos de ajuste econômico do passado “foram um fracasso: um tratamento que pretendia curar a enfermidade matando o paciente”.
De acordo com o estudo, há sinais preocupantes para os europeus. Entre 2008 e 2010, foram gastos 200 milhões de euros com medidas de estímulo econômico na União Europeia e 4,5 bilhões de euros com ajuda ao sistema financeiro. Na análise da ONG, essas medidas acabam por favorecer a concentração de renda. Assim, em 2011, os 10% mais pobres dos europeus totalizavam 3% da renda disponível, enquanto os 10% mais ricos somavam uma proporção oito vezes maior (24%).
Além dos efeitos negativos na distribuição de renda, a política restrita de procurar equilíbrio fiscal, cortando gastos sociais e investimento para que os países voltem a ter capacidade de livre negociação de títulos do tesouro nacional no mercado financeiro, acaba por ter efeito reverso e aumentar o peso da dívida pública no total da riqueza gerada.
Conforme a Oxfan, a dívida pública na União Europeia passou dos 60% do Produto Interno Bruto ( PIB ) no primeiro trimestre de 2008 para mais de 80% no mesmo período de 2013. O efeito foi observado individualmente em diversos países como a Espanha, França, Irlanda, Itália, Portugal e o Reino Unido.
No Brasil, a dívida pública equivale a 41% do PIB (dado do Banco Central), mas a concentração de renda é maior. “Os 20% mais ricos ainda detêm 57,7% do rendimento, em contrapartida a pouco mais de 11% dos 40% mais pobres”, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.